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“A maior dificuldade está na migração de marginais que contam com ajuda de pessoas do município"

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Entrevistas
Sábado, 24 Agosto 2013 | DA REDAÇÃO
O 2º Sargento da Polícia Militar Vandiney Freitas, que está comandando pela 4ª vez a PM em Jangada, concedeu uma entrevista exclusiva ao JangadaMT, onde falou sobre o trabalho de rotina, os crimes mais comuns, a estrutura da instituição e as críticas que recebe. 
Freitas, que já está há quase 10 anos no comando da PM na Capital do Pastel, também analisou a situação do envolvimento dos menores na criminalidade
Veja a seguir a entrevista completa:
JangadaMT - Como o senhor avalia o trabalho da Polícia Militar no ano de 2013 em Jangada?
Freitas - Avalio como altamente positivo. Neste primeiro semestre de 2013, tiramos quatro armas de circulação, recuperamos 8 veículos produtos de roubo ou furto, fizemos 6 prisões por mandado, fizemos uma apreensão significativa de entorpecente [62 kg de maconha]. É sinal que a polícia esta trabalhando e esta produzindo. Eu avalio como positivo o trabalho. Na Baixada Cuiabana, poucos municípios tiveram essa mesma produtividade que nós. Evidentemente que temos alguns problemas, mas, hoje, está dentro do aceitável. A criminalidade está dentro do aceitável. Estamos trabalhando para diminuir cada vez mais o número de ocorrências.
JangadaMT - Como está a estrutura da Polícia Militar em Jangada? O efetivo é suficiente?
Freitas - O problema do efetivo é uma deficiência em todo o estado. Todo o estado tem essa problemática e Jangada não é diferente. Porém, hoje, na área do 7º Batalhão, o núcleo de Jangada é um dos mais beneficiados com efetivo. Em termos de estrutura de efetivo, viaturas e armamentos, ainda é um dos mais estruturados. Mas é evidente que o efetivo ainda é reduzido, pela demanda que temos no estado.

Estamos trabalhando para diminuir cada vez mais o número de ocorrências, destacou FreitasEstamos trabalhando para diminuir cada vez mais o número de ocorrências, destacou Freitas

JangadaMT - Qual a maior dificuldade enfrentada?
Freitas - Hoje, na questão da criminalidade, o nosso maior problema está na migração de marginais da grande Cuiabá [Cuiabá e Várzea Grande] para vim fazer as ações eventuais, praticar os roubos aqui em Jangada. São pessoas que estão vindo de fora para praticar os crimes aqui no município. Por exemplo, os roubos no correio e na lotérica, são pessoas de fora, mas que evidentemente contam com apoio e conhecimento de pessoas do município. Essa migração de marginais da grande Cuiabá para Jangada é o nosso maior problema.
JangadaMT - Como o senhor vê as críticas que a Polícia Militar recebe?
Freitas - Recebo com naturalidade. É normal que a população tenha os questionamentos, faça criticas e que ela espere um rendimento de 100% da polícia. Mas é uma utopia você achar que a polícia militar vai resolver todo o problema de segurança publica. Por mais que nós trabalhamos e nos empenhamos, por mais dedicação que tenha dos policiais, a criminalidade vai existir. Enquanto houver humanidade vai haver os crimes. E ninguém em nenhum município vai conseguir zerar em 100%. Nós tivemos em oito meses, quatro ou cinco roubos, e um homicídio, e assim mesmo por questões de envolvimento com drogas. É um índice tolerável.
JangadaMT - Em relação aos menores envolvidos com a criminalidade, qual a sua análise?
Freitas - A maioria dos menores envolvido com as drogas são pessoas carentes, que não tem uma estrutura familiar. É o pai e a mãe que não tem conhecimento, são famílias realmente abaixo da linha de pobreza, e que por falta de uma estrutura familiar, por falta até mesmo de mecanismos sociais que possam resgatar esse menor, ele acaba indo para o crime. Por exemplo, um menor que trabalha numa pastelaria, ele vai ganhar em torno de 300/400 reais por mês. O traficante oferece isso para ele em um final de semana. Além de outras situações, como a sensação de que o crime compensa, o que é uma realidade mentirosa. Toda via, o menor hoje, por conta da legislação, por conta até mesmo da inércia de alguns mecanismos de punição, acaba indo para o crime.
JangadaMT - Quais as ocorrências mais comuns atendidas pela Polícia Militar em Jangada?
Freitas - Hoje está relacionado à questão de embriaguez. São brigas familiares que acabam ocorrendo em crimes previstos na lei Maria da penha, algumas “vias de fato” na zona rural. E agora, recentemente, tivemos os últimos casos de roubos [correios, lotéricas e residência].

A maioria dos menores envolvido com as drogas são pessoas carentes, que não tem uma estrutura familiar, frisou o SargentoA maioria dos menores envolvido com as drogas são pessoas carentes, que não tem uma estrutura familiar, frisou o Sargento

JangadaMT - O senhor acredita que a sensação de impunidade é uma das grandes motivadoras da violência?
Freitas - Evidente que sim, não tem como ser diferente. Se você pratica um crime e você não é punido, a tendência é você ir para a reincidência. E quando vai preso ainda tem todos aqueles requisitos que a lei beneficia, como ter residência fixa, ser réu primário, cumprir apenas um terço da pena, não pode ser preso em flagrante se não for por ordem judicial, por exemplo. Uma série de beneficias que a lei prevê que acaba facilitando e de certa forma, no meu entendimento, incentiva a criminalidade.
JangadaMT - O que a população pode colaborar com a polícia para reduzir a criminalidade em Jangada?
Freitas - É a 4ª vez que comando a polícia militar em Jangada, são aproximadamente 10 anos no total. Sempre tivemos um relacionamento aberto com a comunidade, o quartel sempre esteve de portas abertas. Eu sempre estive próximo da comunidade. Nosso telefone é aberto ao público, aberto à população, tanto que consta no site e na rede social da policia militar, e tem outros mecanismos que a população pode colaborar conosco, com informações e denuncias. O cidadão também tem que fazer sua parte. Ele tem a obrigação de zelar pelo município. Não quero que o cidadão saia prendendo ninguém na rua. Mas é necessário que a informação seja repassada com clareza, com certa credibilidade que a gente vai atrás. A população participando, colaborando e ajudando a zelar pelo município, tenho certeza que todos nós temos a ganhar. É isso que quero da população, simplesmente que ela nos ajude.
JangadaMT - Qual a mensagem que o senhor deixa para a população Jangadense?
Freitas - Quero falar para a população que acredite na polícia militar. Acredite no trabalho que nós estamos fazendo, acredite que nós podemos ter um município melhor, mas que isso passa pela responsabilidade de todos. A polícia militar tem seu dever e a população pode cobrar. Mas a população também tem que fazer a sua parte, contribuir. Isso vai desde dentro de casa, cuidando do seu filho, até colaborando com informações e denúncias. Muitos crimes acontecem porque pessoas estão presenciando situações estranhas, como carros ou pessoas suspeitas, e não comunicam à polícia.

Freitas: A população pode e tem o dever de colaborar com a Polícia Militar. A população participando, colaborando e ajudando a zelar pelo município, tenho certeza que todos nós temos a ganhar.Freitas: A população pode e tem o dever de colaborar com a Polícia Militar. A população participando, colaborando e ajudando a zelar pelo município, tenho certeza que todos nós temos a ganhar.

JangadaMT - Quais são os telefones disponíveis para a população denunciar ou informar a Polícia Militar de crimes ou atitudes suspeitas?
Freitas - O novo número de emergência é (65)9249-6928, que ficará diretamente na viatura da PM e receberá ligação a cobrar. O telefone de contato direto com o comandante é (65)9921-8418.

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