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Quinta, 19 Dezembro 2013
| GAZETA ESPORTIVA
A tensão atleticana de seis meses deu lugar às lágrimas em Marrakech. O Galo não conseguiu se encontrar em campo diante do Raja Casablanca, como se aguardasse uma jogada genial de Ronaldinho Gaúcho, e até contou com a mágica do craque, mas a reação não passou de um esboço. Os marroquinos surpreenderam os campeões da América ao vencerem por 3 a 1 e se garantirem na decisão de sábado contra o Bayern de Munique. Assim como em 2010, quando o Internacional caiu para os congoleses do Mazembe, a África levou a melhor sobre os brasileiros.
Sem colocar a bola no chão, o Atlético-MG precisou de seis minutos para entrar de vez na partida. Marcos Rocha desarmou Karrouchy no campo de ataque e bateu forte por cima da meta de Askri. Os donos da casa ajustaram a marcação e logo o equilíbrio foi retomado na partida. Até que aos 21 minutos o Galo poderia ter mudado a história do jogo.
Fernandinho, melhor em campo no primeiro tempo, girou bonito para cima da marcação e arrancou em liberdade pela meia-esquerda. O jovem Lucas Cândido finalmente se aventurou ao ataque depois início nervoso, foi acionado e bateu cruzado para a grande área. Jô chegou de carrinho entre os zagueiros e mandou para fora com o gol vazio.
O lance não acordou nenhuma das equipes e o confronto seguia preso no meio de campo. Dez minutos depois da chance de Jô, Fernandinho recebeu sozinho na grande área após cruzamento de Marcos Rocha e também teve a oportunidade de aliviar a pressão. A pancada seca e rasteira passou rente à trave esquerda de Askri e saiu pela linha de fundo.
A partir daí, o sofrimento que parecia prestes a acabar voltou intenso. O lateral esquerdo Karrouchy passou a explorar as descidas de Marcos Rocha e aos 35 minutos cruzou para trás. O capitão Moutaouali apareceu livre para bater de primeira e exigiu o primeiro milagre de Victor. Quatro minutos mais tarde, Moutaouali teve nova chance ao invadir a área sozinho pela direita, mas preferiu bater em vez de rolar para Hafidi.
Antes do apito final, Marcos Rocha cruzou mais uma e Jô errou mais um carrinho. Os atleticanos desceram irritados para os vestiários, enquanto os marroquinos esbanjavam confiança. E a diferença psicológica fez diferença logo aos cinco minutos do segundo tempo.
Erraki puxou contra-ataque pela esquerda e virou o jogo de maneira sensacional para achar Iajour sozinho nas costas do perdido Lucas Cândido. O atacante teve frieza para invadir a área e, cara a cara com Victor, bater cruzado para abrir o placar. Hafidi chegou a ampliar logo na sequência, mas foi flagrado em impedimento pelo trio de arbitragem.
Cuca então sacou Josué e Marcos Rocha para as entradas de Leandro Donizete e Luan, mas antes mesmo que as alterações surtissem efeito a confiança mudou de lado em Marrakech. Fernandinho sofreu falta na entrada da área pela meia esquerda e Ronaldinho Gaúcho foi para a bola. Com maestria, o camisa 10 mandou no ângulo esquerdo e deixou Askri imóvel no centro do gol.
Na saída de bola, o craque aplicou chapéu desconcertante em Erraki para mostrar de vez quem mandaria em campo. Aos poucos, entretanto, o Atlético-MG perdeu o ímpeto gerado pelo empate e trocava passes lentos e sem objetivo no meio de campo.
O Raja também não se arriscava mais ao ataque, mas em um golpe de sorte pôde festejar com a torcida marroquina. O cronômetro já marcava 38 minutos quando o árbitro espanhol Carlos Velasco Carballo apontou a marca da cal após Réver errar o tempo de bola e acertar Iajour na grande área.
O capitão Moutaouali respirou fundo diante do herói atleticano na Copa Libertadores da América e bateu no canto esquerdo para deslocar Victor e anotar o seguno tento africano. A classificação histórica para a final de sábado, às 17h30 (de Brasília), ainda contou com o gol de Mabide após Moutaouali carimbar o travessão de Victor em tentativa de cobertura.