Faccionados do Comando Vermelho que estão presos na penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis, são acusados de coagir eleitores a votar em determinados candidatos nas eleições 2024. Os crimes eleitorais estariam sendo realizados por meio de dois celulares que tiveram a quebra de sigilo de dados determinado pela Justiça Eleitoral e estão sob investigação da Polícia Federal. Além de vasculhar os dados dos telefones, a Justiça determinou que as autoridades reforçassem a segurança para manutenção, custódia e integridade dos aparelhos apreendidos.
As informações sobre os candidatos escolhidos e outros detalhes seguem em segredo de justiça para não atrapalhar o andamento da instrução policial. A quebra de sigilo dos celulares foi decretada pela juíza da 46ª Zona de Rondonópolis, no fim de setembro. A medida faz parte de uma investigação que criminosos estariam utilizando os dispositivos para intimidar a população e direcionar votos em favor de candidatos escolhidos pela organização. Segundo a representação policial, a facção estaria ordenando que os eleitores fotografassem seus títulos eleitorais como prova de que cumpriram as determinações impostas.
Essa prática, que visa criar um ambiente de medo e controle, foi descoberta após a apreensão dos celulares no dia 18 de setembro de 2024. A decisão judicial destacou a gravidade da situação e a necessidade de aprofundar as investigações. ‘Embora o sigilo de comunicações esteja protegido pela Constituição, a previsão deve ceder ao interesse público no correto esclarecimento da infração penal’, afirmou a juíza Aline Bissoni.
Ela destacou que a ação de facções criminosas no processo eleitoral representa uma ameaça grave à democracia e que o acesso aos dados dos celulares é imprescindível para elucidar os crimes investigados. A Justiça também determinou que o sigilo sobre as provas coletadas seja mantido, seguindo as recomendações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), garantindo que as informações obtidas não sejam divulgadas indevidamente.
‘A ação do crime organizado para interferir nas eleições é uma afronta direta à democracia. Precisamos agir com firmeza para garantir que o processo eleitoral seja justo e que os eleitores possam exercer seu direito de voto de forma livre e segura’, declarou Aline Bissoni ao concluir a decisão.