Ainda filiado ao Podemos, - sigla que recebeu em seus quadros o ex-juiz Sérgio Moro em busca de se viabilizar candidato à presidência da República como uma terceira via -, o deputado federal José Medeiros não pretende desgrudar do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. E também não desistiu de disputar a única vaga no Senado que hoje pertence ao senador Wellington Fagundes (PL), um dos principais responsáveis pela filiação de Bolsonaro para ter, em contrapartida, o apoio do presidente em seu projeto de reeleição.
Diante das condições desfavoráveis ao seu projeto de "alçar voo" da Câmara dos Deputados para o Senado, José Medeiros vai tentar convencer Jair Bolsonaro a apoiá-lo na disputa pela vaga de senador. Ao mesmo tempo, espera convencer o presidente a demover de Fagundes a ideia de buscar um segundo mandato como senador. Nesse cenário hipotético, Medeiros sugere uma dobradinha com Welington Fagundes para ambos terem o apoio de Bolsonaro.
Nesse caso, Fagundes disputaria o Governo do Estado e Medeiros seria o candidato ao Senado pelo grupo. Por ora, tudo está no campo das hipóteses e conjecturas, mas José Medeiros concorda que não poderá permanecer filiado ao Podemos, pois a legenda trabalha a pré-candidatura de Sérgio Moro com presidente. E por não abrir mão de apoiar a reeleição de Bolsonaro, o parlamentar acredita que será “convidado” pela cúpula do Podemos a se desfiliar.
Medeiros revela que está focado em voltar ao Senado em 2022, função que exerceu entre janeiro de 2015 e janeiro de 2019, na vaga deixada por Pedro Taques (SD). Na época, o então pedetista renunciou ao cargo de senador para assumir o Governo do Estado com sua vitória nas urnas em outubro de 2014.
Essas possibilidades para o pleito de 2022 foram admitidas pelo próprio José Medeiros durante entrevista ao Jornal do Meio Dia, da TV Vila Real, afiliada da Record TV. “Na terça-feira conversei com o presidente Jair Bolsonaro e falamos sobre a situação onde vamos ter uma candidatura ao Governo pra contrapor o candidato Mauro Mendes e vamos ter também uma candidatura ao Senado”, revelou.
De acordo com Medeiros, o presidente Jair Bolsonaro ainda não decidiu sobre seu apoio para o Senado, embora saiba que Fagundes é um candidato natural à reeleição e tem deixado isso bem claro em todas as entrevistas e declarações em público. “Essa candidatura ao Senado, o presidente que vai decidir. Não está decidido quem será o candidato, o presidente já tinha declarado apoio à minha candidatura, mas com a ida dele ao PL, o PL tinha um candidato que é candidato à reeleição, então lógico que surge mais uma candidatura”, pondera o deputado.
Essa escolha, de acordo com Medeiros, também passa por decisões da cúpula nacional do PL, na qual o presidente Valdemar Costa Neto teria um acordo com Bolsonaro para a legenda ficar com os deputados federais e Jair Bolsonaro poder escolher quem apoiar para o Senado. “Eu me sinto no páreo sim porque o presidente vai ter a possibilidade de escolher. Não sei se vai ser via pesquisas com o público em geral, ou se com os apoiadores, ou se conversando com os dois candidatos propondo um dos candidatos ao governo”, diz.
Por fim, como uma possível saída para o imbróglios que se desenha, José Medeiros propõe que Welington Fagundes dispute o comando do Palácio Paiaguás e deixe seu caminho livre para tentar uma vaga no Senado. “Eu já sugiro que seja o senador Wellington para o governo, mas o certo é que dá para formar uma chapa sim. A gente tem que conversar pra ver como vai ficar essa chapa. No início do ano a gente vai ter que tomar essa decisão”, colocou Medeiros.
SÉRGIO MORO NO PODEMOS
O deputado José Medeiros foi questionado se pretende se filiar ao PL já que seu partido vai trabalhar para viabilizar o ex-juiz federal Sérgio Moro à presidência. Respondeu que vai aguarda o Podemos o “interpelar” sobre a situação.
“A decisão dele [Moro] é se vai ser candidato ou não à presidência da República. Ele sendo candidato o partido provavelmente vai pedir pra que eu saia porque sou candidato ao Senado na base, com ao apoio do presidente Jair Bolsonaro. Sou vice-líder do presidente e o partido não vai aceitar que eu fique”, comentou.