Coveiro é eleito prefeito do município de Santo Afonso

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Domingo, 09 Outubro 2016 | CircuitoMT

 

O prefeito eleito de Santo Afonso (a 224 km de Cuiabá), Joabe Almeida dos Santos, “o Xiru, Índio Velho” (PSDB), foi vereador por dois mandatos. 
Em 2013 assumiu o cargo de secretário de Obras. Seis meses depois foi rebaixado pelo atual prefeito Venceslau Botelho de Campos (PR) a gari, depois a coveiro e, enfim, exonerado. No último dia 02 de setembro, Joabe disputou a prefeitura com Venceslau e levou a melhor.
Joabe pertencia ao grupo do atual prefeito que teria ficado com ciúmes do trabalho realizado por ele como secretário de Obras e de Transporte, e o teria rebaixado para gari, coveiro e depois o exonerado.
A trajetória do futuro prefeito e a relação dele com o atual gestor do município chama a atenção. Vereador por dois mandatos (2000-2004/ 2004-2008), “o Xiru, Índio Velho”, como gosta de ser chamado, foi eleito pela primeira vez em 2000, ficando em nono lugar na disputa da Câmara. Na sua segunda eleição, novamente para o cargo de vereador, foi o mais votado da história do município, que tem 2.511 eleitores, com 14% dos votos válidos.
Em 2008 ele arriscou um cargo mais elevado, de prefeito do município, porém amargou a última posição, ficando apenas com 14 votos. No entanto, ele lembra que não abaixou a cabeça e continuou no município trabalhando. Nas penúltimas eleições municipais ele apoiou o atual prefeito, conhecido como Gordo Salim, primo de Júlio e Jaime Campos, e irmão do ex-prefeito de Várzea Grande, Nereu Botelho.
“Já em 2012 não fui candidato a nada, fui apenas presidente da coligação do atual prefeito, que é o Gordo Salim. É um homem de grande poder financeiro e este já é o terceiro mandato dele no município. Eu fui um baluarte da campanha dele, além de ser presidente do meu partido [PSDB], fui o cabo eleitoral numero um dele,” explicou.
Após a posse, em 2013, conta o futuro prefeito, ele foi empossado como secretário de Obras, mas ficou apenas seis meses no cargo. O motivo seria o ‘ciúmes’ do trabalho que vinha fazendo na pasta, “estava na Secretaria fazendo um belíssimo trabalho porque trabalhava para todos, para quem votou a favor e para quem não votou. O povo começou a me elogiar e diziam ‘esse tem que ser o nosso prefeito’, a partir daí e ele começou a ciumar de mim,” disse.
Diante da crise de ciúmes do atual prefeito, ele conta que foi rebaixado de cargo mais de duas vezes até ser exonerado definitivamente. De secretário, ele passou a ser gari, realizando a limpeza de entulhos em lotes baldios e combatendo o caramujo africano, “combati o caramujo africano em mais de 70% aqui,” diz. Ele explica ainda que o prefeito “continuou enciumado” e o rebaixou para o cargo de coveiro, no cemitério da cidade.
“Fui ser coveiro, lá no cemitério, abri e fechei covas até em baixo de chuva. Sepultei 34 pessoas, da qual tenho o nome de todas,” lembrou. Não tendo outro cargo, o prefeito exonerou o coveiro, deixando ele desempregado.
“A partir daquele momento me prontifiquei em ser candidato pelo PSDB, em Santo Afonso. Candidato para o povo e do povo, equanto ele fazia campanha de camionete turbo, eu fazia campanha de bicicleta, por que nem carro para andar eu tenho. Gastei em torno de R$5 mil, apenas para imprimir santinhos, e para isso contei com ajuda de patrocínio de amigos," contou.
Outro lado da história
O atual prefeito de Santo Afonso, Venceslau Botelho de Campos, desmentiu o futuro prefeito. Disse que não se tratava de ciúmes, mas sim de competência para assumir o cargo. “Ele foi rebaixado de cargo porque não tinha capacidade para assumir. Ele gastava horrores na secretaria, nosso município tem pouca arrecadação. Não tinha como eu aguentar um secretário que estava usando a prefeitura para fazer nome. Aí rebaixei dele de cargo, da Secretaria de Obras para a de Serviços Urbanos, mas com o mesmo salário,” conta o prefeito.
Na função ele chegou até dirigir o caminhão que fazia coleta de lixo na cidade, conta o prefeito, porém ele nunca foi coveiro. “Ele fazia limpeza de rua, comandava os garis, ele que comandava. Às vezes, ele dirigia o caminhão que juntava o lixo das ruas, mas ele nunca foi coveiro. Aí, a pessoa agora quer se rebaixar para ganhar moral, que o lixeiro, o coveiro ganhou do prefeito, não foi isso,” explicou Gordo Salim.
Gordo Salim concorreu à reeleição com o nome impugnado pela Justiça Eleitoral. “Eu tinha problema na justiça, por que eu sou da sanguessuga [esquema que desviou dinheiro público na compra de ambulâncias e que envolveu diversos prefeitos de MT], meu nome estava impugnado na eleição. E o povo hoje em dia tem internet, tem informação, então foi por isso que o povo não votou em mim. A Justiça que ganhou a eleição para ele,” afirmou.
O prefeito ainda fez um balanço da gestão, para ele, foi uma boa administração, pois 100% do asfalto da cidade teriam sido feitos na sua gestão, além de rede de esgoto e galeria de águas pluviais.  “Isso não é para qualquer administrador, eu perdi a eleição, perdi. Mas não foi por causa dele. O candidato tem que falar o que ele quer, ele é meu amigo, me ajudou nessas campanhas todas. Ele fala essas coisas, por que é candidato e tem que falar mesmo,” finalizou.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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