Produtores de banana do Assentamento Santo Antônio da Fartura, em Campo Verde, a 139 km de Cuiabá, estão tentando driblar os prejuízos do ataque do “moleque da bananeira”. Das 266 famílias assentadas, somente 15 produzem a fruta e encontraram em um composto biológico a alternativa pra diminuir as perdas e se manter no mercado.
Trata-se de um besouro de quase 1,5 centímetro, mas capaz de causar um prejuízo gigantesco.
Eugênio de Paulo produz banana há 18 anos em uma área no Assentamento Santo Antônio da Fartura, mas há 3 anos a infestação da praga conhecida como “moleque da bananeira” tem mexido na rotina do produtor. Antes do besouro aparecer nas plantações, o agricultor cultivava 7 mil pés de banana em 9 hectares do sítio. Com as perdas, a plantação passou para 4 mil pés, em 6 hectares. Agora o trabalho diário é para garantir que a produção não caia ainda mais.
“Dá para continuar apostando na banana ainda, porque mesmo ela doente igual está, sem uma técnica, como eu não tinha, ainda dá porque ela dá um dinheiro a mais e com folga para eu ter a minha saúde a mais. Porque eu não mexo com veneno e nada nela. Então minha saúde é melhor do que se eu mexesse com veneno”, diz o produtor.
O besouro chega pelo ar, mas é na terra que o estrago acontece. As fêmeas depositam as larvas na parte do caule que fica próximo as raízes da bananeira.
Os insetos se alimentam do que tiram da planta e com isso, impedem que ela absorva mais nutrientes do solo.
Quando a infestação é mais intensa, a bananeira chega ao ponto de não conseguir gerar novos frutos e até o crescimento das folhas é prejudicado. Nos casos em que os cachos se formam, a banana cresce bem menor e bem mais fina do que deveria.
As folhas amarelam, secam e caem, enquanto as larvas estão embaixo, próximo ao solo, se alimentando da planta. Pra evitar que o problema se alastre e o pé de banana seja perdido, o controle precisa começar o quanto antes possível.
O primeiro passo é a amostragem da praga no bananal. Ele determinar se atingiu o nível de dano econômico ou não essa praga. A partir do momento que ele encontra três adultos do moleque da bananeira por isca, ele entra com a medida de controle”, diz o engenheiro agrônomo Kênio Nogueira.
Com orientações do especialista, Eugênio está fazendo armadilhas. Parte do caule da bananeira é cortada em um formato parecido ao de uma telha. No centro, são colocados 20 gramas de um fungo parasita que causa doenças no besouro.
“O local onde você vai deposita essa isca, é próximo a moita da bananeira. E esse local deve ser sombreado, porque o fungo é um ser vivo e os raios solares prejudicam a ação dele”, diz o engenheiro.
Enfraquecido, o inseto não deposita novas larvas e morre em até 10 dias. O método é biológico, não prejudica o solo, a planta e nem a fruta.
Os especialistas garantem que a eficácia da técnica fica acima de 80%. Um nível alto, já que este não é um controle químico.
No mesmo assentamento, fica a chácara de Salomão José de Souza que não teve tempo e nem conhecimento suficiente para controlar o moleque da bananeira.
Já faz 2 anos que ele desistiu da cultura, por conta do grande prejuízo. Os pés de banana que hoje são cultivados servem para o consumo da família.
O agricultor conta que tentou combater o besouro, mas não teve sucesso. Fez até empréstimos na época do ataque do inseto e ainda tem dívidas.
“Eu estou prorrogando, de boa fé, e até penhorei um dos meus tratores, coisa que, não podia”, diz o agricultor.
“Agora, Salomão tem como carro chefe da propriedade 30 variedades de hortaliça e
os cuidados com as pragas na lavoura ganharam mais atenção com a ajuda especializada.
Ele pretende retomar o plantio de banana, um dia.
“Até hoje é muito difícil quando alguém me vê e pergunta sobre as bananas. Na verdade eu não tenho, não tenho nada”.