Dono do maior rebanho bovino do país e um dos grandes produtores de soja, algodão e milho, Mato Grosso tem investido em 'culturas alternativas' que tentam ganhar espaço na economia do estado.
Algumas culturas, como o gergelim, amendoim, mamona e sorgo, são tidas como segunda opção de muitos produtores nos intervalos de cada plantação e colheita.
O Sindicato Rural de Canarana, a 838 km de Cuiabá, estima que o município é responsável por 90% da produção nacional de gergelim. O grão se tornou uma alternativa para os agricultores para a segunda safra após a colheita da soja. São 65 mil hectares de gergelim plantados na região.
Alex Wisch, agricultor e presidente do sindicato, explica que o cultivo de gergelim pode ser feito pelo sistema de plantio direto ou convencional e é considerado uma cultura rentável.
“Canarana é considerada a capital nacional do gergelim. No entanto, dependemos muito da exportação, praticamente toda a produção vai para o mercado externo, Europa, Ásia, pois o mercado interno ainda é pequeno”, afirmou.
Um levantamento da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que em 2018 a cultura do gergelim em Mato Grosso obteve uma produção de 8.462 toneladas, colhidas em uma área de 17.160 hectares.
Em 2019, a cultura evoluiu muito, alcançando uma produção de 29.950 toneladas, um aumento de 254% em relação ao ano anterior; sua área obteve também um substancial crescimento, de 189,0%, somando 49.590 hectares em 2019. Sua produtividade foi majorada de 493 kg/ha para 604 kg/ha, 22,5% de acréscimo.
Mamona e sorgo
Flexível aos tempos de seca, o cultivo da mamona tem sido usado em Mato Grosso como opção de segunda safra e para melhorar a produtividade da soja. Pouco explorada no país, a cultura ocupa 46 mil hectares no Brasil. No estado, o plantio foi feito em cerca de 2,5 mil hectares.
A oleaginosa tem sido cada vez mais estudada pelos produtores da região sul de Mato Grosso como alternativa.
Em uma propriedade de Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá, dos 2,7 mil hectares, 308 foram destinados a um tipo híbrido da mamona.
De acordo com o levantamento da Sedec, a produção de mamona em Mato Grosso em 2019 é de 879 toneladas, o que representa 3,3% da produção nacional. Este valor é 45,8% menor que sua produção estadual do ano anterior.
Observa-se, ainda, que, em 2011, Mato Grosso obteve sua maior produção de mamona, com 18.738 toneladas, que representavam 18,7% da produção nacional naquele ano.
Outra produção ainda 'tímida' no estado é o do sorgo. Mato Grosso tem uma produção estimada para 2019 em 135.678 toneladas, o que equivale à 5,3% da safra nacional.
Observa-se que em 2012 houve a maior produção no estado, de 463.041 toneladas, o que, entretanto, não significou sua maior participação na safra nacional de sorgo, que ocorreu efetivamente em 1991, quando Mato Grosso produzia 23,5% da safra brasileira de sorgo, com uma produção de 60.524 toneladas.
Amendoim
Em 2019, Mato Grosso produziu 1.983 toneladas de amendoim, o que representa 0,3% da produção brasileira neste ano. A produção estadual divide-se em duas safras: a primeira corresponde à 69,3% do total e a segunda equivale à 30,7%.
Em relação à safra brasileira de amendoim, a primeira safra de Mato Grosso representa 0,2% da nacional e a segunda safra do estado possui uma representatividade maior, correspondendo à 5,6% da safra brasileira.
É uma produção que está sendo incentivada no estado, conforme a Sedec.
Trigo
No mês passado o governo anunciou que deve incentivar a cultura de trigo no estado após pesquisas de viabilidade realizadas pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).
Seis variedades estão sendo testadas em campos experimentais e cinco estão prontas para serem cultivadas. O trigo mato-grossense deve ser produzido com o auxílio de pivôs, entre maio e setembro.
De acordo com o cronograma previsto pela Sedec, o plantio deve iniciar em 2020 com vista à produção de sementes. A intenção é que em 2021 haja a primeira colheita para a indústria. A meta inicial é o plantio de 2 mil hectares, crescendo safra após safra, até alcançar o patamar de 50 mil hectares, que é a demanda industrial.