Nos primeiros dois meses deste ano, Mato Grosso enviou para outros países mais de 66 mil toneladas, equivalentes a carcaça, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Na média mensal, o volume exportado é cerca de 7% superior ao mesmo período do ano passado. Alguns mercados como União Europeia e Oriente Médio apresentaram quedas. Por outro lado, outros países aumentaram as compras, como é o caso da Rússia e recentemente também o Kuwait e os Estados Unidos (EUA) abriram as portas para a carne que sai de Mato Grosso. Esse cenário de novas possibilidades anima os criadores, que investem em melhorias no rebanho.
Amarildo Merotti é pecuarista em Cáceres, a 250 km de Cuiabá. Só no ano passado, ele conseguiu engordar e enviar para o abate mais de 6 mil animais. É um dos criadores que decidiram investir mais na produção de carne bovina depois dos altos preços da arroba no final do ano passado. N
“A pecuária brasileira tem evoluído tanto que todos os mercados começaram a se atentar que nós temos mercadoria boa. Hoje nós temos um rebanho com sanidade e qualidade paro mundo inteiro”, disse ele.
De acordo com um estudo feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), 13 milhões de cabeças de gado foram engordadas no semiconfinamento em 2019, o mesmo sistema usado por Amarildo, quando os animais se alimentam no pasto e no cocho. Se compararmos com o total de animais no país, cerca de 214 milhões, ainda é um patamar baixo, mas o setor mostra evolução, com crescimento ano após ano.
“Eu há 5 anos não conseguia abater um animal com menos de dois anos de idade. Hoje eu estou abatendo com 26 a 28 meses e pretendo abater todos os meus animais até dois anos de idade em um curto espaço de tempo. Para isso tenho que investir no bezerro e nas pastagens”, diz o produtor.
Outros fatores que animaram os pecuaristas foram a saída de carne para outros países e as boas projeções para esse ano. O Kuwait autorizou a importação de carne bovina do Brasil e os Estados Unidos voltaram a abrir as portas para o produto brasileiro.
Os norte-americanos não compram um volume muito grande de carne bovina brasileira como por exemplo a China, mas possuem uma particularidade que agrada bastante à indústria. É um mercado que dá preferência aos cortes da parte dianteiro do boi e isso pode acabar refletindo nas vendas do mercado interno, já que por aqui, a carne de origem traseira é mais consumida.
Com maior oferta de carne é preciso atender as exigências dos países compradores. Uma delas é a rastreabilidade dos animais. Essa fazenda que fica em Barra do Bugres, a 169 km de Cuiabá, consegue engordar 12 mil animais por ano, no sistema de semiconfinamento.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o ápice das vendas brasileiras de carne bovina in natura para os Estados Unidos foi em 2017, quando foram negociados quase US$ 60 milhões. Durante a suspensão, o Brasil deixou de exportar cerca de US$ 115 milhões em carne bovina. O acordo com os Estados Unidos animou o setor do frigorífico, que espera um aumento nas exportações e consequentemente mais plantas habilitadas para a venda do produto.
“O mercado americano equivale à abertura chinesa, talvez não pelo volume. Atender aos requisitos dos Estados Unidos, o produto consegue uma entrada mais fácil em outros países”, diz Tadeu Paulo Bellincanta, presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindfrigo).