Governo Federal autoriza R$ 236 bi para o Plano Safra 20/21 e produtores de MT comemoram
Produtores rurais poderão contar com orçamento de R$ 236,3 bilhões de investimentos por meio do Plano Safra 2020/2021 lançado oficialmente nesta quarta-feira (17), pelo Governo Federal. São R$ 13,56 bilhões a mais, se comparado com o plano anterior que foi de R$ 222,74 bilhões. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) participou da construção do planejamento com inúmeras propostas, dentre elas a equalização da taxa de juros do Programa de Construção de Armazéns (PCA), e a equalização das taxas de juros do crédito agrícola. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), setor que também é beneficiado, considerou o plano um avanço.
Na sugestão encaminhada no dia 7 de abril ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Aprosoja enfatizou o aumento de recursos para o PCA, com foco para armazéns de até 6.000 toneladas à taxa de 3,75% a.a. Também fez parte das propostas, a equalização das taxas de juros ao patamar da Selic (3,75%), já que nos últimos anos, as principais linhas do Plano Safra tiveram juros superiores à inflação e à taxa básica de juros da economia.
O Plano Safra lançado nesta quarta-feira, mostra queda de 1% nas taxas para o PCA, ficando em 5% a.a para armazéns de até 6 mil toneladas. O total de recursos destinado à armazenagem é de R$ 2,2 bilhões, quando no plano anterior o investimento total foi de apenas R$ 1,8 bilhão.
Conforme o vice-presidente da Aprosoja Mato Grosso, Fernando Cadore, a associação ouviu as demandas dos produtores e encaminhou as sugestões com bastante antecedência, porém de acordo com a necessidade dos pequenos, médios e grandes produtores associados.
“Indicações foram envidadas em ofício no início abril e inclusive foram pautas na imprensa nacional, conforme matérias publicadas no Valor Econômico. Procuramos agir como sempre, ouvindo a nossa base e realizando propostas que fossem de encontro com as necessidades do produtor rural”, explicou Cadore.
Sobre investimentos em armazenagem, Cadore lembrou que Mato Grosso tem apenas 50% da capacidade estática que precisa ampliar este número com oportunidade aos produtores rurais de terem seus armazéns, o que foi mais uma demanda da Aprosoja ao MAPA.
“Temos um déficit muito grande. Do que tem instalado menos de 45% está nas mãos dos produtores, então a produção aumenta ano a ano e precisamos do credito com juros acessíveis, desburocratizado para que os produtores, pequenos, médios e grandes tenham oportunidade de ter sua armazenagem. Isso tira um pouco do gargalo logístico, porque o fato de a produção ficar na fazenda, deixa o período maior para escoar aos destinos”, pontuou.
A Acrimat comemorou os avanços do Plano Safra 2020/2021 e afirmou que ele será de grande ajuda para os produtores mato-grossenses durante o período de pandemia, mas também após.
"Sem dúvida alguma esse é um dos planos Safra mais importantes para o setor nos últimos anos, pois vai atender as demandas ainda dentro da pandemia e pode ser o grande aliado do produtor pós pandemia. O MAPA cumpriu com o que prometeu aos setores, que foi o aumento do volume destinado, e reduziu as taxas de juros para todos os programas do plano. Para a pecuária, onde pela extratificação dos pecuaristas, especialmente em Mato Grosso, que até 90% dos pecuaristas possuem até 500 cabeças de gado, eles se enquadram no Pronamp e no Pronaf, com juros que no Pronamp caiu de 6% para 5% e no Pronaf caiu de 3% a 4,6% para 2,75% a 4%", disse a diretora executiva da Acrimat, Daniella Bueno.
Bueno também viu outros benefícios além da diminuição dos juros, como o aumento de recursos para a inovação tecnológica e também para a sustentabilidade.
"O que destacamos de positivo, além do aumento de volume e a diminuição de juros, é o maior volume de recursos equalizados, que siginifica mais recursos com menores juros. Existe também um aumento de recursos de apoio à inovação tecnológica e na sustentabilidade com a redução dos juros do programa ABC, que pode ser utilizado para financiamento de cotas de reserva ambiental, e incentivo aos programas de integração lavoura-pecuária. É claro que o produtor sempre espera mais recursos e menos juros, mas com cdrteza este plano Safra foi um grande avanço no sentido de melhorias para o setor".
Plano Safra 20/21
Do total disponibilizado, R$ 179,38 bilhões são para custeio, comercialização e industrialização. Outros R$ 56,92 bilhões para investimento. Os juros do crédito de custeio variam de 2,75% a 6,0% ao ano, dependendo do porte do produtor. As taxas de juros para investimento estão entre 4,5% a.a. e 7,5% a.a.
Já o orçamento disponível para subsidiar o Prêmio do Seguro Rural (PSR) é de R$ 1,3 bilhão, com estimativa de contratação de 298 mil apólices, num montante segurado da ordem de R$ 52 bilhões e cobertura de 21 milhões de hectares.
Equipamentos de monitoramento climatológico, como estações meteorológicas e softwares, e de monitoramento da umidade do solo poderão ser financiados pelo Programa de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido (Moderinfra).
O Programa Nacional de Bioinsumos, que tem como objetivo alavancar a produção e uso de insumos, como biodefensivos e biofertlizantes, para reduzir a dependência dos produtores rurais em relação aos insumos importados, contará com linha de crédito para incentivar a adoção de tecnologias relacionadas aos bioinsumos dentro das propriedades rurais e cooperativas. Os recursos estão previstos no Inovagro e, no caso dos investimentos em biofábricas, podem chegar a 30% do valor de todo o financiamento.
Para o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), destinado ao financiamento de técnicas sustentáveis, o Governo Federal disporá de R$ 2,5 bilhões, com taxa de juros de 4,5% e 6% a.a.
Os produtores terão à disposição recursos para restauração florestal, objetivando contribuir com a adequação das propriedades rurais ao Código Florestal ou às outras exigências ambientais. A partir de 1º de julho de 2020, os produtores poderão financiar aquisição de cotas de reserva ambiental, medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional.