Área plantada de soja livre de transgênicos deve cair 32% em Mato Grosso, prevê Imea

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+ Agronegócio
Terça, 15 Agosto 2023 | ODOCUMENTO
O Instituto Soja Livre tem desafio de formatar e validar internacionalmente uma metodologia capaz de mensurar adequadamente a pegada de carbono da produção de soja livre de transgenia feita pelo Brasil. Esta seria a solução para compensar a redução da área plantada de soja livre de transgênicos em Mato Grosso em 32%.
No ciclo 2022/23, a área plantada com soja livre no Brasil foi de 986,2 mil hectares, dos quais Mato Grosso respondeu por 49,85%, alcançando 491,6 mil ha. Conforme projeção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na safra 2023/24 a estimativa é de 332,8 mil hectares – uma queda de 32%.
“É um produto com muita tecnologia embarcada e de muito valor agregado, pois requer cuidados específicos para garantirmos a segregação do grão”, observou o presidente do Instituto Soja Livre, César Borges, que está na segunda gestão frente ao cargo.
Na prática, é mais caro cultivar a soja livre de transgenia. É preciso investir em uma série de medidas e exigências para que o grão convencional não seja contaminado pelo grão geneticamente modificado. As fazendas produtoras são auditadas e a segregação da soja é atestada por agências independentes de controle e verificação, que certificam a carga, permitindo assim sua entrada no mercado internacional.
Na Europa, as redes varejistas de alimentos premiam com um valor adicional a soja convencional – forma de atender à pressão do consumidor final pela oferta de produtos sem traços de transgenia em sua composição. É esse “prêmio” que dá sustentação financeira para o mercado brasileiro de soja livre.
“O nosso desafio é que existe um descompasso entre o momento em que o produtor define quanto vai investir na safra seguinte e a sinalização dos europeus sobre o prêmio para a soja livre. Por isso, vemos os créditos de carbono como um importante aliado para dar mais atratividade ao nosso ambiente de negócios”, contextualiza César Borges.
Além do prêmio, a conjuntura mundial da soja e as cotações na Bolsa de Chicago influenciam diretamente o mercado da soja livre. Dessa forma, assim como ocorre com o grão transgênico, o valor de mercado do grão não-transgênico enfrenta um cenário de grande oferta do produto e preços menores, após três ciclos de alta.
“Outro elemento importante é que a demanda por soja livre na Europa não cresce no mesmo patamar do consumo da soja transgênica. Por isso estamos investindo também na prospecção de novos mercados, como o Japão”, antecipa o presidente do instituto. Cálculos do ISL indicam que a produção de seus associados tem potencial para atender a demanda japonesa por até dez anos.
Com a Aprosoja e a Embrapa entre suas entidades fundadoras, o ISL se dedica agora nos próximos dois anos ao mercado de sequestro de carbono para a soja livre. “Temos a ciência (Embrapa) e a capacidade de produção (Aprosoja) ao nosso lado. O mercado de carbono tem a grande vantagem de mostrar ao mundo que nossa agricultura é ‘limpa’ e de funcionar como mais uma alternativa para agregar valor à soja livre”, argumentou César Borges.
O programa de cálculo das emissões de gás de efeito estufa (GEE) ao longo da produção de soja convencional está sendo chamado no ISL de “Protocolo de Créditos de Carbono Soja Livre” (CC Soja Livre). Ele parte das melhores ferramentas já existentes no mundo para o cálculo da pegada de carbono em atividades correlatas, com o diferencial de incluir dados, pesquisas aplicadas e resultados já comprovados de estudos feitos pela Embrapa.
“Existem peculiaridades da agricultura no Brasil, da sojicultura em clima tropical e do cultivo específico da soja livre de melhoramento genético que precisam ser consideradas no cálculo da pegada de carbono. É preciso termos um modelo particular, pois importar uma ferramenta de um país de clima temperado não irá refletir a realidade”, ponderou Fernando Nauffal Filho, consultor.
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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