Mato Grosso deve garantir 25% das exportações de carne bovina aos EUA
Mato Grosso deverá ser o responsável por 25% das exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos. Os norte-americanos definiram uma cota anual de importação de 64,8 mil toneladas in natura e congelada. Mato Grosso é o estado com o maior rebanho bovino do país e o segundo que mais exporta carne.
Os dados foram apresentados nesta segunda (1) pelo governador Pedro Taques, que participou da cerimônia de troca das Cartas de Reconhecimento de Equivalência dos Controles de Carne Bovina, que marcam a abertura de mercado para carnes in natura entre os dois países.
O evento contou ainda com a presença do presidente Michel Temer, dos ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, e de Relações Exteriores, José Serra, e da embaixadora dos EUA, Liliana Ayalde.
“Este acordo é resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 1999. São muitos anos de luta que contribuíram para este momento e para que nosso produto possa chegar com qualidade ao mercado internacional. Em Mato Grosso, temos o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), que busca a rastreabilidade e qualidade da nossa produção. Esta abertura para o mercado dos EUA vai gerar oportunidade para ampliarmos as exportações para outros países”, destacou o governador Pedro Taques.
O presidente interino Michel Temer destacou o momento como primordial para o país. “A abertura do mercado da carne bovina, em condições sanitárias admitidas pelos EUA, que tem uma repercussão internacional, ajuda a abrir mercados de outras faces, o que é importante para o Brasil. Essa ação vai resultar em novos empregos e os EUA poderão consumir cada vez mais carne bovina brasileira” reforçou Temer.
Ministro das Relações Exteriores, José Serra explicou que a parceria entre o Ministério da Agricultura, Itamaraty e produtores de carne no Brasil contribuiu também para as negociações do certificado sanitário internacional. “É uma vitória para o agronegócio. Brasil e EUA realizaram auditorias específicas nos controles de inspeção da produção, concluído por equivalência dos seus sistemas sanitários. Essa parceria vai abrir novos mercados. Exemplo disso é o México, que aplica restrições de compra da carne brasileira semelhante a dos EUA. Mas a partir do momento em que os EUA mudam seus critérios, temos um argumento a mais para modificar a posição mexicana”.
De acordo com o ministro Blairo Maggi, para que o país continue ampliando suas condições de crescimento econômico é preciso que o trabalho seja menos burocrático. Ainda na cerimônia, ele ressaltou a importância da parceria com os EUA e parabenizou o trabalho dos servidores federais envolvidos no projeto. “Se queremos mais produção e produtos de melhor qualidade, temos que cuidar e fiscalizar. Mas também temos que deixar a iniciativa privada trabalhar e fazer seu papel. Pensando nisso, estamos trabalhando para que cerca de 300 medidas burocráticas sejam revistas no Mapa. Isso vai direcionar o dinheiro público para a eficiência”.
Importação
De acordo com dados do Mapa, os americanos estabeleceram cotas de importação para os países aptos a vender para eles. Segundo a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Mapa, o Brasil faz parte da cota dos países da América Central, que é de 64,8 mil toneladas por ano, com tarifa de 4% ou 10% dependendo do corte da carne. Fora da cota (sem limite de quantidade), a tarifa é de 26,4 %.
Atualmente, os Estados Unidos são os maiores produtores e consumidores de carne bovina in natura. O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador. No primeiro semestre deste ano, as vendas externas brasileiras chegaram a US$ 2,22 bilhões (ou 571,5 mil toneladas). No período, os maiores compradores foram Hong Kong (U$ 393 milhões), China (U$ 365 milhões), Egito (US$ 329 milhões), Rússia (US$ 181 milhões) e Irã (US$ 168 milhões).
Trabalho estadual
Em maio de 2016, o governador Pedro Taques esteve nos Estados Unidos e entre outras agendas visitou uma das maiores plantas frigoríficas do mundo, no estado de Ohio. Na ocasião, Taques iniciou as tratativas para exportar a carne bovina de Mato Grosso para os Estados Unidos. “A estratégia do Governo é agregar valor à nossa produção. Além de vendermos soja e milho, queremos vender carne para mercados consumidores importantes como os Estados Unidos”, disse o governador à época.
Instituto de Carne
Criado em fevereiro de 2016, o Instituto Mato-grossense de Carne (Imac) tem o objetivo de promover a carne bovina e atestar a qualidade do produto. Mato Grosso é o primeiro Estado brasileiro a ter um órgão com esta finalidade. De acordo com o governador Pedro Taques, a ideia do instituto surgiu durante uma visita ao Uruguai em outubro de 2015, um dos únicos cinco países a contar com um Instituto como este. “Temos a melhor carne do mundo e vamos conquistar mercados mundo afora, com qualidade certificada por meio de um sistema de rastreabilidade inovador”. (Com informações do Mapa)