Aqueda no consumo de carne bovina no mercado interno e os reflexos da investigação do suposto esquema de propina envolvendo alguns frigoríficos e fiscais agropecuários têm gerado prejuízos para a indústria e pecuaristas. Em Tangará da Serra há produtores que não vendem animais há, pelo menos, 15 dias.
A venda de novilhas está parada na fazenda de Renato Casale Mauro está parada há aproximadamente duas semanas, por exemplo. As três indústrias que compravam animais do pecuarista suspenderam ou reduziram os embarques. Quanto à demanda o valor desanima: R$ 120 por arroba, dez a menos que na mesma quinzena de março.
“Era uma negociação boa, uma negociação tranquila, aberta. Hoje eu tenho animais prontos para o abate, que eu precisaria abater mas que não estou conseguindo. Mas daqui a 30, 40, 60 dias eu não vou ter porque estou deixando de produzir”.
O mau momento para a comercialização deve alterar a forma de criação do gado. “Se eu abatia 300 cabeças por mês, eu talvez no mês que vem vá abater 200, no outro mês150. Então eu vou voltar à pecuária antiga, que a gente deixa o boi no pasto e tira quando achar que deve”, explicou.
A volta a esse cenário é um reflexo da operação Carne Fraca, que mexeu com a cadeia produtiva da carne em todo o país. Mesmo sem ter nenhuma empresa investigada pela Polícia Federal, a pecuária também tem sentido diretamente as consequências.
Em Tangará da Serra não foi diferente. Um dos turnos de um dos frigoríficos do município está parado porque que os funcionários receberam férias coletivas. Em nota, a empresa confirmou a suspensão de um dos turnos no setor de abates, mas não entrou em detalhes. Isso aumenta o clima de incerteza entre os pecuaristas da região.
“Todos estão tirando o pé da produção, diminuindo. Então, sem saber o que fazer”, disse Mauro.