A implantação dos projetos de logística para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro implicará no investimento de R$ 158 bilhões. O valor estimado é referente as 307 alternativas de modais identificadas no Projeto Centro-Oeste competitivo, que deverá ser apresentado ao governo federal no próximo mês.
O documento, encomendado pela iniciativa privada e que levou um ano para ficar pronto, pode servir de modelo para as ações de investimento na logística brasileira. É o que explicou o sócio da empresa Macrologística, responsável pelo projeto, Olivier Roger Sylvain Girard, durante a Bienal dos Negócios da Agricultura, realizada na quinta (8) e sexta-feira (9), em Cuiabá. “Se todas os projetos fossem considerados o investimento seria muito alto. Por isso, precisamos priorizar e identificar as obras mais viáveis e eficientes para o escoamento da a produção agropecuária do Centro-Oeste brasileiro.
Segundo ele, 150 empresas foram entrevistadas para saber quais as necessidades do segmento. Além disso, o estudo considerou os modais utilizados nos países que fazem fronteira com os estados do Centro-Oeste brasileiro. No diagnóstico, destacaram que 8 cadeias principais representam 91% da balança comercial da região, como a soja, cuja 77% da produção é exportada para a China e 21% para o Japão.
Para o Girard, foi preciso identificar os gargalos e as sugestões de melhoria. “Sabemos que em 2011 o fluxo de veículos no trecho entre Lucas do Rio Verde e o Posto Gil, ambos em Mato Grosso, estava duas vezes superior a capacidade ideal para a rodovia. Se nada for feito a situação pode piorar em 2020, quando teremos uma taxa de lotação cinco vezes acima da média”, destaca.
A preocupação do setor produtivo aumenta diante do anúncio de novos recordes nas lavouras. Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que Mato Grosso produzirá na safra 2013/14, 25,28 milhões de toneladas. Considerando essa mesma estimativa, para efeito de comparação, caso toda a safra mato-grossense fosse escoada por Santarém, o custo total de frete seria de cerca de R$ 6 bilhões ante R$ 8,4 bilhões via Santos e Paranaguá, por meio da interação modal entre rodovia e ferrovia, uma diferença de R$ 2,4 bilhões.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, a falta de investimento na logística prejudica a competitividade do setor agropecuário. Conforme ele, esta situação reflete no bolso do consumidor. “As estradas em péssimas condições faz aumentar o custo do frete, consequentemente o preço pago pelo produto”.