O acordo ainda não tem data para entrar em vigor, pois precisa ser aprovado pelos congressos dos países envolvidos. Para Peter, o principal fator que deve ser levado em consideração é a redução na capacidade industrial, o que geraria um impacto econômico muito grande no país já que as empresas podem perder o interesse em continuar produzindo no Brasil por ser mais vantajoso importar os carros produzidos por eles.
“Se a gente olhar o momento atual e se nada for feito, com certeza isso vai gerar uma desindustrialização muito grande aqui no Brasil. Porque desde o início eles sempre tiveram essa vantagem com todos os governos que passaram, ou seja, você me dá a exclusividade de vender aqui no Brasil ou eu simplesmente vou embora. As indústrias europeias vão ser privilegiadas nesse acordo e as outras que não sou europeias que vão estar com o mercado brasileiro fechado. Será que empresas japonesas e americanas vão continuar querendo produzir aqui no Brasil tendo a concorrência direta das fabricas europeias?”, questiona.
Atualmente os carros importados de países da Europa e Ásia pagam imposto de 35%. Quando o acordo entrar em vigor, um montante de 50 mil veículos terá a alíquota de 35% reduzida pela metade por sete anos. A quantia de veículos vale para todo o bloco sul-americano. No Brasil, cerca de 32 mil carros poderão ser importados com esse desconto. Após os primeiros sete anos, a aliquota passará a cair gradualmente para todos os carros importados, até ser eliminada por completo em 15 anos.
Mercosul
O Mercosul é uma organização internacional constituída pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e tem como associados Chile e Bolívia. Criada em 1991, o grupo trata sobre políticas de integração econômica e no que diz respeito aos trâmites de importação ou exportação de mercadorias.
O acordo começou a ser discutido em 1999 e foi formalizado na última sexta-feira, 28 de junho. O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para comemorar o marco histórico. "Histórico! Nossa equipe, liderada pelo Embaixador Ernesto Araújo, acaba de fechar o Acordo Mercosul-UE, que vinha sendo negociado sem sucesso desde 1999. Esse será um dos acordos comerciais mais importantes de todos os tempos e trará benefícios enormes para nossa economia", afirmou o presidente em uma publicação nas redes sociais.