Maracanã é o terceiro estádio do mundo que mais consumiu dinheiro público: R$ 1,45 bilhão

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Sexta, 10 Maio 2013 | EXTRA

 

  Após 63 anos de administração pública, o Maracanã será gerido (e bancado) pela iniciativa privada. Ontem, a secretaria estadual de Casa Civil concluiu o processo de licitação do estádio e declarou vencedor — como esperado — o Consórcio Maracanã S/A, formado pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG. O grupo, pelos próximos 35 anos, ganha de presente um complexo que consumiu R$ 1,45 bilhão em recursos públicos ao longo da última década e está entre os dez mais caros do planeta. Em volume de dinheiro estatal, só perde para duas arenas: o Yankee Stadium, em Nova York, e o estádio olímpico de Londres.
Satisfeito com o resultado da licitação, o secretário de Casa Civil, Régis Fichtner, afirmou ontem que o preço final da reforma do Maracanã para a Copa de 2014, estipulado oficialmente em R$ 1,05 bilhão (fora investimentos públicos associados), é normal se comparado ao de outros estádios modernos erguidos mundo afora.

De fato, mas não são muitos, sobretudo quando se considera que grande parte do investimento em arenas esportivas é feito por grupos privados, que vendem camarotes e negociam patrocínios para pagar empréstimos e reduzir a despesa pública.
— Vocês (jornalistas) podem pesquisar. Verão que o custo (de reformas como a do Maracanã) é esse mesmo — disse Fichtner, que atribuiu à não demolição do antigo Maracanã o elevado valor da obra: — É ainda mais caro reconstruir do que demolir e fazer um estádio novo.
No caso do novo Maracanã, após uma injeção bilionária, o governo receberá de volta R$ 5,5 milhões mensais e R$ 594 milhões em obras de reconstrução no entorno. Porém, o faturamento comercial com o estádio — o Ministério Público, em estudo, calcula que serão R$ 2 bilhões de lucro em 35 anos — ficará com o consórcio.
Com o aditivo final de R$ 200 milhões autorizado pelo governo do Estado no começo da semana, o Maracanã fecha a conta da reforma e ultrapassa o estádio Mané Garrincha, em Brasília, como o mais caro da Copa de 2014. Entre 2005 e 2007, o governo do Estado aplicou mais R$ 260 milhões em reformas no estádio e no Maracanãzinho para receber os Jogos Pan-Americanos de 2007.
 
 
 
Um investimento 100% estatal
Desde o começo dos anos 90, quando os principais estádios da Europa e dos Estados Unidos foram demolidos ou passaram por reformas, as parcerias entre estado e empresas privadas são usadas para financiar arenas modernas. Mas são raras as construções bancadas de forma integral pelos impostos do cidadão, como o Maracanã.
Na NFL, a bilionária liga de futebol americano dos Estados Unidos, apenas o Raymond James Stadium, do Tampa Bay Buccaneers, não recebeu um centavo de uma fonte particular — entre os estádios inaugurados nos últimos 15 anos. Custou, em 1998, 194 milhões de dólares (R$ 500 milhões em valores corrigidos pela inflação).
No Brasil, a utilização de verbas públicas para erguer estádios é regra. De acordo com a versão mais atualizada do relatório do Tribunal de Contas da União, de abril passado, já foram comprometidos R$ 7,1 bilhões com as 12 arenas da Copa do Mundo — e o último aditivo do Maracanã, de R$ 200 milhões, não está na conta.
Na África do Sul, o poder público também arcou com as despesas, e os estádios saíram por mais de R$ 6,5 bilhões. Já na Alemanha, para a Copa de 2006, clubes e empresas ficaram com a maior fatia dos custos. O moderno Allianz Arena, do Bayern de Munique, foi erguido do chão e custou R$ 880 milhões. O estado só arcou com obras de infraestrutura no entorno.
— Quando você começa uma obra, surge uma série de variáveis que você não espera. Ainda mais o Maracanã, com mais de 60 anos e com reformas sempre mambembes ao longo da história — criticou o governador Sérgio Cabral Filho. — A mais ousada foi feita a partir de 2005 e 2006, que peguei em andamento, mas nem chega aos pés da que fizemos agora.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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