Em entrevista ao programa "Conexão Poder" (TV Rondon - canal 5) na noite de ontem, o juiz federal Julier Sebastião da Silva afirmou que Mato Grosso vive há 11 anos um "momento de calmaria social" após a prisão do ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, acusado de comandar o crime organizado. "Infelizmente, Arcanjo governava o Estado num poder paralelo", analisou o magistrado responsável por decretar a prisão do "Comendador" durante a operação Arca de Noé.
Para o magistrado, a prisão de Arcanjo possibilitou uma maior liberdade aos cidadãos matogrossenses que temiam até mesmo se expressar democraticamente. Ele afirmou que não existe uma pessoa exclusiva responsável pelo desmantelamento da organização criminosa, apesar do ex-procurador federal Pedro Taques (PDT) ter conseguido capitalizar politicamente a ação conseguindo se eleger senador em 2010.
"Se não tivesse tomado as decisões que tomamos naquele época, muitos de nós não estariam mais aqui", citou, ao considerar que os "responsáveis pela prisão foram os agentes públicos do Estado brasileiro que fizeram cumprir suas determinações constitucionais".
Questionado sobre outras operações polêmicas como por exemplo a Pacenas em 2009 em que foram presas 11 pessoas por fraudes nas licitações do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, Julier garantiu que não tolera corrupção. "Mandei prender quem estava roubando dinheiro do saneamento público que é saúde", disse, ao evitar analisar o fato da operação ter sido anulada anos após pelo Tribunal Regional Federal.
SILVAL E CANDIDATURA
Durante a entrevista aos jornalistas André Michells, Ramon Monteagudo e Alexandre Aprá, o magistrado considerou que o governador Silval Barbosa (PMDB) será reconhecido como o principal responsável por transformar a infraestrutura das duas maiores cidades de Mato Grosso. "Sem dúvida, o Governo do Estado entre para a história como melhor prefeito da história de Cuiabá e Várzea Grande", assinalou, ao acrescentar que "estão acontecendo transformações que demorariam 30 anos".
Responsável por liberar as obras do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), o magistrado defendeu o modal de transporte. "É uma obra impressionante e o Estado tem que cumprir o seu papel de fornecer um transporte de qualidade", opinou.
Para ele, o legado da Copa será mais importante. "A Copa não é nosso foco, mas temos que lembrar que a última grande obra executada em Cuiabá foi o viaduto da rodoviária. Agora, estamos tendo várias executadas ao mesmo tempo. Se não fosse a Copa, não teríamos a parceria do Governo Federal para nos emprestar R$ 5 a R$ 6 bilhões. É muita obra para um tempo pequeno", disse.
Apesar de elogiar a condução da Copa, o magistrado lamentou a situação da saúde pública no Estado. "Não dá para tolerar como está. A saúde vive problemas há décadas e precisamos tomar medidas para resolvê-los", asseverou.
Habilidoso, Julier evitou assumir que disputará o Governo do Estado, em 2014, por um dos partidos da base aliada, já que tem convites do PT, PMDB, PSD, PR, dentre outros. "Tudo acontece no momento certo e a Legislação diz que tenho até abril para decidir", explicou.