Médica picada por jararaca em cachoeira de Rosário Oeste passará por cirurgia urgente

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Terça, 01 Setembro 2020 | ReporteMT
A médica Dieynne Saugo, de 33 anos, picada por uma jararaca quando tomava banho de cachoeira no domingo (30/08), será submetida a uma cirurgia na tarde desta terça-feira (1º). A informação é de familiares de Dieynne, mas eles não revelaram qual é o tipo de procedimento e porque terá que ser realizado.
A médica está internada em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Complexo Hospital Jardim Cuiabá. Ela foi picada por uma jararaca enquanto tomava banho na cachoeira Serra Azul, que fica dentro do Parque Serra Azul, em Rosário Oeste. O momento em que a cobra cai em cima da médica e pica a vítima é gravado por uma banhista. É possível ouvir os gritos de desespero e pedido de ajuda.
Primeiro caso
O acidente é o primeiro desta natureza desde a abertura do parque, em dezembro de 2011. De acordo com o Sesc Pantanal, responsável pelo parque, a médica Dienny foi picada por uma cobra jararaca, em dois lugares, que desceu junto com a queda d’água da cachoeira.
Por meio de nota, o Sesc Pantanal afirmou que logo após o acidente, iniciou o atendimento à vítima, mas enfatiza que não podia aplicar soro antibotrópico (usado para tratar picadas de cobras venenosas), pois só é permitida a administração desta dose em área hospitalar.
A vitima foi imediatamente trazida para Cuiabá, para o Centro de Informação Anti-Veneno de Mato Grosso, no Hospital Municipal, local de referência no Estado, para receber o soro, que deve ser aplicado por médico e é regulado pela Anvisa. Ainda no domingo, como medida de segurança, a vítima foi encaminhada para a UTI do Hospital Jardim Cuiabá. O Parque Sesc Serra Azul é uma das unidades do Polo Socioambiental Sesc Pantanal. “Todas as unidades do Sesc Pantanal seguem protocolos e são preparadas para socorrer as vítimas em casos de acidentes. Em relação ao ocorrido no Parque Sesc Serra Azul, esses protocolos foram rigorosamente seguidos. A equipe de saúde foi acionada imediatamente, deu todas as orientações e está acompanhando o caso desde então. Além disso, uma enfermeira e um médico do Sesc Pantanal acompanham o caso desde domingo”, diz a nota.
Veja mais informações
Veneno da jararaca, serpente responsável por entre 70% e 90% dos acidentes que envolvem cobras venenosas no Brasil, não é temido somente pelo efeito imediato altamente tóxico provocado ao organismo, dano neutralizado pelo soro antiofídico. A secreção venenosa da Bothrops jararaca ou das variações desse gênero tem ação específica no local da picada, podendo causar uma série de complicações. Pelo menos 10% dos casos evoluem para hemorragia, necrose ou até amputação de membros. A responsável por essas mazelas é a jararagina, toxina isolada em 1992 e estudada desde então por cientistas do Brasil e do mundo. 
Foi no Laboratório de Imunopatologia do Instituto Butantan, porém, que o mecanismo de ação dessa proteína foi desvendado. A pesquisa de quatro anos realizada como tese de doutorado da bióloga Cristiani Baldo trouxe perspectivas animadoras para o desenvolvimento de medicamentos que atuarão na soroterapia. O estudo de Cristiani provou que a jararagina é uma das principais responsáveis pelas manifestações locais decorrentes da picada. Hemorragia, edema, inflamação e a possível perda de função do membro são algumas. 
Segundo a pesquisadora, o soro antibotrópico consegue neutralizar bem os efeitos sistêmicos do veneno ; aqueles que causam alterações cardiovasculares, renais e na coagulação sanguínea ;, mas não rebate as complicações locais, que se estabelecem rapidamente. ;O veneno da jararaca é composto por uma grande variedade de substâncias tóxicas que agem na pele, principalmente as metaloproteinases, grupo que inclui a jararagina. Já sabíamos que tal proteína era hemorrágica, o que desvendamos foi a maneira como ela age nos vasos e induz a hemorragia;, explica.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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