MT tem Jangada e mais 100 municípios ameaçados de calor extremo; veja a lista

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Segunda, 04 Outubro 2021 | FolhaMax
O desmatamento em grande escala da Floresta Amazônica associado às mudanças climáticas aumentará o risco de exposição ao calor extremo. No Mato Grosso, 101 municípios estão listados com risco alto e um com risco extremamente alto de impacto do calor na saúde da população. Esses níveis de calor serão fisiologicamente intoleráveis ​​ao corpo humano e afetarão profundamente as regiões onde residem populações altamente vulneráveis. O estudo publicado pelos pesquisadores Beatriz Alves de Oliveira, Marcus Bottino, Paulo Nobre e Carlos Nobre trata-se da primeira análise dos impactos combinados do desmatamento e das mudanças climáticas na saúde humana.
Aripuanã, Contriguaçu, Juruena, Santa Cruz do Xingu e Vila Rica são exemplos de municípios afetados e que terão a temperatura aumentada, passando para o estado de Savana Amazônica. Sob condições ambientais desfavoráveis ​​que incluem alta exposição à temperatura e umidade, as capacidades de resfriamento do corpo são enfraquecidas, resultando em aumento da temperatura corporal. A exposição sustentada a tais condições pode ocasionar desidratação e exaustão e, em casos mais graves, tensão e colapso das funções vitais, levando à morte. Além disso, o estresse causado pelo calor pode afetar o humor, os distúrbios mentais e reduzir o desempenho físico e psicológico das pessoas.
O ESTUDO
Segundo os resultados do estudo Desmatamento e mudanças climáticas projetam aumento do risco de estresse térmico na Amazônia Brasileira, existe um limite de desmatamento da Amazônia que impactará a sobrevivência da espécie humana. Esse limite é acompanhado por um "efeito extremo na saúde" que deixará, até 2100, aproximadamente 12 milhões de pessoas da região Norte do Brasil expostas ao risco extremo de estresse térmico, quando teremos atingido os limites de adaptação fisiológica do corpo humano devido ao desmatamento. Em outras palavras, não seremos capazes de manter nossa temperatura corporal sem adaptação.
"As condições extremas de calor induzidas pelo desmatamento podem ter efeitos negativos e significativamente duradouros na saúde humana. Precisamos entender globalmente que se o desmatamento continuar nas proporções atuais, os efeitos serão dramáticos para a civilização. Essas descobertas têm sérias implicações econômicas que vão além dos danos às lavouras de soja", afirma Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE.
No Brasil, os efeitos combinados do desmatamento e das mudanças climáticas já estão sendo relatados com base em dados observacionais, com os valores de aquecimento mais extremos relatados em grandes áreas desmatadas de 2003 a 2018.
Nas modelagens climáticas realizadas pelos pesquisadores, a combinação de mudança no uso da terra e aquecimento global pode ampliar ainda mais os riscos ocupacionais. Além disso, fatores induzidos pelo homem responsáveis​​pela savanização da Amazônia, como aumento do número de incêndios florestais, bem como expansão de áreas agrícolas e atividades de mineração, tendem a impulsionar o crescimento desordenado e um processo de urbanização não planejado, com falta de infraestrutura sanitária básica e trabalho informal mais frequente. Esses fatores estão associados ao processo de desmatamento e ao aumento da desigualdade e da vulnerabilidade, que atuam em sinergia com os efeitos das mudanças climáticas, aumentando ainda mais a demanda por serviços de saúde e proteção social na região da Amazônia brasileira.
Os resultados do estudo mostram que os efeitos serão em escala regional, com os maiores impactos diretos na região Norte do país. Do total de 5.565 municípios brasileiros, 16% deles (30 milhões de pessoas) sofrerão impactos por estresse térmico com a savanização da Floresta Amazônica. Da população impactada, 42% residem em municípios da região Norte, que apresenta baixa capacidade de resiliência e alta vulnerabilidade social. Nesta região, aproximadamente, 12 milhões de pessoas poderão ser expostas ao risco extremo de estresse por calor até 2100. Com a savanização da Amazônia e as limitações na capacidade de adaptação da região Norte do Brasil, a população dessa região poderá viver em condições precárias de sobrevivência, impulsionando efeitos como a migração em massa, afirmam os autores.
Além disso, o aumento da exposição ao estresse térmico poderá impactar várias áreas da economia, com redução da produtividade do trabalho, uma vez que os trabalhadores estarão expostos a condições térmicas fatais. No Brasil, os trabalhadores que trabalham ao ar livre já estão expostos ao estresse térmico, e as projeções apontam para um aumento da exposição a alto risco nas próximas décadas. O aumento de 1,5° C na temperatura média global, com base nas projeções dos modelos climáticos dos pesquisadores, poderá representar 0,84% das perdas de jornada de trabalho até 2030, o equivalente a 850 mil empregos de tempo integral, principalmente nos setores agrícola e de construção civil - na agricultura, o alto risco associado ao trabalho intenso e à sobrecarga térmica já foi observado entre os cortadores de cana-de-açúcar.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade urgente de medidas coordenadas para evitar efeitos negativos sobre as populações vulneráveis. "Os efeitos locais das mudanças no uso da terra estão diretamente ligados às políticas e estratégias de sustentabilidade das florestas, e as mudanças nessas áreas estão ao alcance da sociedade. Nessas áreas, o setor de saúde poderia ser um importante motivador na formulação de políticas integrativas para mitigar o risco de estresse térmico e a redução da vulnerabilidade social", afirma Beatriz Oliveira, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nas estimativas dos pesquisadores não foi considerado o crescimento populacional ou as mudanças na estrutura demográfica ou expectativa de vida. Assim, os resultados expostos no estudo refletem os efeitos isolados da mudança climática e da savanização e podem ser interpretados para representar os efeitos que seriam observados se a população atual fosse exposta às distribuições projetadas de estresse térmico. Já a vulnerabilidade da população exposta foi avaliada por meio do Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) dos municípios brasileiros. Este índice é baseado em 16 indicadores que refletem fragilidades no sistema de saúde e educação (capital humano), infraestrutura urbana e renda e trabalho.
Municipios amaaçados do Mato Grosso
Acorizal
 
Alta Floresta
 
Alto Boa Vista
 
Alto Paraguai
 
Apiacás
 
Araputanga
 
Arenápolis
 
Aripuanã
 
Barra do Bugres
 
Bom Jesus do Araguaia
 
Brasnorte
 
Cáceres
 
Campo Novo do Parecis
 
Campos de Júlio
 
Canabrava do Norte
 
Canarana
 
Carlinda
 
Castanheira
 
Cláudia
 
Colíder
 
Colniza
 
Comodoro
 
Confresa
 
Conquista D'Oeste
 
Cotriguaçu
 
Curvelândia
 
Denise
 
Diamantino
 
Feliz Natal
 
Figueirópolis D'Oeste
 
Gaúcha do Norte
 
Glória D'Oeste
 
Guarantã do Norte
 
Indiavaí
 
Ipiranga do Norte
 
Itanhangá
 
Itaúba
 
Jangada
 
Jauru
 
Juara
 
Juína
 
Juruena
 
Lambari D'Oeste
 
Lucas do Rio Verde
 
Luciara
 
Marcelândia
 
Matupá
 
Mirassol d'Oeste
 
Nobres
 
Nortelândia
 
Nossa Senhora do Livramento
 
Nova Bandeirantes
 
Nova Lacerda
 
Nova Santa Helena
 
Nova Canaã do Norte
 
Nova Olímpia
 
Nova Ubiratã
 
Novo Mundo
 
Novo Horizonte do Norte
 
Paranaíta
 
Novo Santo Antônio
 
Peixoto de Azevedo
 
Poconé
 
Pontes e Lacerda
 
Porto Alegre do Norte
 
Porto dos Gaúchos
 
Porto Esperidião
 
Porto Estrela
 
Querência
 
São José dos Quatro Marcos
 
Reserva do Cabaçal
 
Ribeirão Cascalheira
 
Rio Branco
 
Santa Carmem
 
Santo Afonso
 
São José do Rio Claro
 
São José do Xingu
 
Rondolândia
 
Rosário Oeste
 
Santa Cruz do Xingu
 
Salto do Céu
 
Santa Terezinha
 
Santo Antônio do Leverger
 
São Félix do Araguaia
 
Sapezal
 
Serra Nova Dourada
 
Sinop
 
Sorriso
 
Tabaporã
 
Tangará da Serra
 
Tapurah
 
Terra Nova do Norte
 
União do Sul
 
Vale de São Domingos
 
Várzea Grande
 
Vera
 
Vila Rica
 
Nova Guarita
 
Nova Marilândia
 
Nova Maringá
 
Nova Monte Verde

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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