Por conta do alto índice de não resposta aos recenseadores em Mato Grosso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve voltar com novas consultas aos imóveis do Estado. O percentual foi de 13,67% de não resposta às coletas, um quadro considerado crítico para o IBGE. Já na Capital, o dado chegou a 18,89%. Os profissionais devem voltar às casas em que não conseguiram coletar informações até o dia 31 de março.
As coletas foram encerradas oficialmente no dia 28 de fevereiro. As informações já coletadas das casas brasileiras estão em processo de apuração pelo Comitê de Fechamento do Censo e a prévia dos dados deve sair em abril. Mato Grosso teve 89,26% da população recenseada. A função do censo é contar a população, saber como e quantas pessoas vivem no Brasil e como a população vive.
Cimar Azeredo é presidente substituto do IBGE no país. Ele fala sobre a importância de se responder o censo, pois é a partir dele que politicas publicas podem ser realizadas. Nesta quinta-feira (9), ele esteve também em visita a Rondonópolis (214,6 km de Cuiabá).
“O prefeito disse o seguinte: se você quer ver a sua cidade crescer, você tem que ajudar com informação. E não tem outra forma de crescer, sem informação. E o censo é a única ferramenta que vai prover informações para Rondonópolis, para Sinop, para Alta Araguaia, para todos os municípios daqui. Fora isso, a gente vai ter que esperar 10 anos para ter a próxima informação”, explica ele.
“Porque a gente vai juntar esses pontos [dados] e vai ver onde tem abastecimento de água, onde não tem. Onde tem recurso de saneamento básico, onde não tem. A escola. Por exemplo, favela: como é que eu vou saber quanto de creche, quanto de escola, eu tenho que botar? Um determinado prefeito precisa botar numa favela. Se ele não sabe quantas pessoas moram ali e nem a idade onde as pessoas moram, como fica?”, completa ele.
O presidente substituto explica que o índice de 13,67% de não resposta é uma não resposta que tem um viés. Esse dado é muito localizado na população de alta renda e, em alguns pontos específicos, as pessoas acabam politizando o censo. Ele relembra que os dados foram coletados durante o período de eleição, que estava com um cenário polarizado.“A população acaba confundindo IBGE com governo. IBGE não é governo. Passa governo, IBGE fica. IBGE é um órgão de Estado”, enfatiza ele.
A dificuldade também tem sido com o outro extremo, na população de baixa renda, como em favelas. O problema disso é um retrato enviesado. “Você não tá conseguindo pegar nem a população de alta renda e nem a população de baixa renda”, completa.
“O pessoal tem que lembrar que o IBGE é um órgão de Estado. O IBGE é uma instituição que tem 86 anos, com credibilidade nacional e mais ainda, respeitado internacionalmente como um dos maiores institutos de estatísticas do mundo. Tudo que o IBGE faz segue recomendações internacionais da ONU, incluindo o censo”, informa Azeredo.
COMO CONTRIBUIR
Para as pessoas que não foram recenseadas, basta ligar para o ‘Disque Censo’ no número 137. A ligação é gratuita, pode ser feita de qualquer número, fixo ou celular, todos os dias da semana, de 8h até 21h30 (horário de Brasília). O Disque está aberto até o fim do mês de março. As pessoas podem também buscar uma agência do IBGE para ser recenseado.
“Um censo acontece a cada 10 anos, esse demorou 12. Então, lá em 2010 ‘Ah, eu nunca fui recenseado pelo IBGE’. Acabou com isso. Agora existe um número que todo cidadão aqui em Mato Grosso pode ligar para o IBGE através do 137 e imediatamente a superintendência estadual de Mato Grosso vai mandar alguém na sua casa pra você responder o censo”, diz Cimar.
FAKE NEWS
Uma das grandes dificuldades durante a coleta tem sido lidar com as redes sociais e ampla rapidez da divulgação de uma notícia ruim ou falsa. Cimar conta que no Rio de Janeiro foi divulgada uma informação falsa de que se a pessoa prestar informações ao censo, o cidadão pode perder o aceso ao ‘Bolsa Família’. Essa informação é falsa.
“Não existe isso, ninguém pode tirar informações do IBGE para fazer auditoria ou investigação, seja da Polícia Federal, seja do Ministério responsável pela transferência de renda. Ninguém pode fazer absolutamente nada com isso. Ou seja, o dado que você informa, ele é trabalhado de forma agregada”, explica o presidente substituto do IBGE.
RESPONDER O CENSO É LEI
Responder à pesquisa é obrigatório e os dados têm o sigilo garantido por lei. Responder o censo é um dever do cidadão e está previsto na Lei Federal Nº 5.534. De acordo com a lei, toda pessoa natural ou jurídica de direito público ou de direito privado que esteja sob a jurisdição da lei brasileira é obrigada a prestar as informações solicitadas pela Fundação IBGE para a execução do Plano Nacional de Estatística.
É configurado como crime se recusar ou não responder o censo. “É um crime previsto, é uma legislação especifica, que toda pessoa, por lei, é obrigada a prestar os dados estatísticos. Lembrando por que isso? Porque prestar dados estatísticos é um ato de cidadania, tal como você vai se vacinar, tal como você vai prestar as suas informações fiscais. Existe a obrigatoriedade, por lei, de prestar informações estatísticas para o país”, informa Millane Chaves, superintendente do IBGE em Mato Grosso.
Caso a pessoa infrinja a lei, o infrator ficará sujeito à multa de até 10 (dez) vezes o maior salário mínimo vigente no País, quando primeiro; e de até o dobro desse limite, quando reincidente.