Agentes da Polícia Federal anunciam greve de 72 horas no país

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Terça, 21 Outubro 2014 | Midia News

Policiais federais em todo o país fazem uma greve de 72 horas, e paralisam suas atividades nesta semana, entre os dias 22 e 24.
 
O movimento será iniciado no final desta terça-feira (22), com atos públicos de protesto em frente às unidades da PF.
 
Ontem (20), uma assembleia do sindicato dos policiais federais no Rio de Janeiro aprovou o movimento por unanimidade, e foi aprovado o início do movimento em ato público a ser realizado hoje, às 18h, nas imediações do edifício-sede da Petrobras, na Avenida Chile, no Centro. Hoje já estão previstos atos públicos em todas as capitais do país.
 
Os policiais federais reclamam que o governo federal não cumpriu o acordo assinado no final da greve de 2012. 
 
O governo federal prometeu a modernização da carreira na PF e o reconhecimento das atividades realizadas por todos servidores, ainda regidos por criadas durante a ditadura militar.
 
Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), os agentes, escrivães e papiloscopistas federais reclamam do tratamento recebido depois das operações anticorrupção da década passada, pois são os únicos servidores federais com salários congelados desde 2009, com uma perda de poder aquisitivo estimada em 45%, segundo o IPCA, e sem atribuições definidas em lei.
 
O estopim da greve é a recente Medida Provisória 657, que atropelou o longo período de negociações entre a Fenapef e o governo, ignorou as dezenas de propostas de modernização e beneficiou somente o cargo de delegado, criando uma espécie de concurso para chefe no serviço público federal.
 
"MP da Chantagem"
 
Nos corredores da PF, a medida provisória é chamada de “MP da Chantagem”. O motivo é a sua publicação na semana em que ocorreram os vazamentos do escândalo da Petrobrás. A MP não reconhece os demais policiais, investigadores ou peritos, como autoridades competentes, e cria um status político para o cargo de delegado.
 
Segundo Jones Borges Leal, presidente da Fenapef, “essa medida provisória 657, ao invés de reconhecer os avanços da PF dos últimos anos, volta no tempo para criar um cargo político dentro da polícia, tornando o órgão mais dividido e burocrático. Estão recriando a polícia fascista da ditadura militar, que não funciona e só serve para uso político, e será mais fácil de controlar pelas indicações dos cargos de chefia”.
 
A federação afirma que em qualquer lugar do mundo o chefe é um profissional que deve ter experiência, aptidão e especialização. E a polícia moderna é multidisciplinar, envolve inteligência e vários tipos de análises criminais. Segundo a entidade, o diferencial da PF sempre foi trazer investigadores dos mais diversos ramos acadêmicos, algo que tornou a investigação científica e objetiva, e alcançou os poderosos.
 
Porém, num quadro considerado caótico pelas entidades sindicais, a cada ano mais de 250 agentes federais abandonam a carreira por desmotivação, interferências políticas e falta de reconhecimento profissional. O índice de doenças é altíssimo e a queda nos investimentos é lamentável, enquanto o aumento da violência e criminalidade no país aterrorizam a população.
 
“A Polícia Federal está sendo desfigurada, enquanto a população brasileira precisa do combate ao crime organizado e corrupção. Estamos sendo engolidos pela burocracia e péssima gestão da segurança pública. O servidor deve ser reconhecido pelo que faz, e não pela indicação política ou pelo que está no papel. Queremos critérios objetivos de eficiência para as chefias e uma gestão por resultados, independente do cargo”, explicou Leal.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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