Deputados de MT e RO trocam experiências sobre monopólio da indústria da carne
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Frigoríficos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso recebeu nesta terça-feira (15) a visita de integrantes da CPI do Boi da Casa de Leis de Rondônia para debater os trabalhos desempenhados naquele estado, e, consequentemente, promover um trabalho conjunto entre as duas CPIs, com trocas de informações sobre procedimentos que melhorem o setor.
Na oportunidade, o presidente da CPI dos Frigoríficos, deputado Nininho (PSD), recebeu um documento das mãos do presidente da CPI do Boi, Adelino Follador (DEM-RO), com as informações envolvendo a pecuária daquele estado. No relatório constam as perdas e desvantagens dos pecuaristas pela queda no preço da arroba do boi nos últimos anos.
“Em Mato Grosso, essa cadeia tem um desequilíbrio muito grande no valor da arroba e nosso objetivo é encontrar uma fórmula para reverter esse quadro sem afetar os empresários do ramo”, disse Nininho.
Durante a reunião, Nininho apresentou à imprensa uma análise de como os deputados rondonienses podem colaborar com as investigações do setor agropecuário em Mato Grosso.
“Essa troca de experiência com Rondônia é fundamental para começarmos a apurar os problemas da carne em Mato Grosso. Pelo que observamos, Rondônia tem um trabalho avançado na área e poderá nos ajudar com as investigações”, afirmou.
Entitulado “Grito da Pecuária: movimento dos proprietários e produtores rurais de Rondônia”, o documento mostra que o Estado de Rondônia perdeu mais de 650 milhões de reais só nos últimos dois anos.
Baseado nesses dados, Nininho se mostrou preocupado com o futuro da pecuária em Mato Grosso e prometeu, para os próximos dias, convocar oitivas com representantes do segmento para ampliar as discussões.
Instalada no dia 15 de fevereiro deste ano, em Rondônia, segundo Adelino Follador, a CPI do Boi começou a mostrar os primeiros resultados quando proprietários de grandes frigoríficos se manifestaram preocupados durante as oitivas realizadas pela comissão.
“Estamos discutindo os problemas com a população, pois nos últimos três anos nove frigoríficos foram fechados em Rondônia, que conta com dez em funcionamento, onde seis deles pertencem a JBS”, destacou Follador.
Outro fator negativo apresentado pelo presidente da CPI do Boi foi no tocante ao preço da arroba do boi gordo praticado em Rondônia: enquanto no estado é comercializado a R$ 121, em São Paulo o preço é R$ 152,42, uma perda de R$ 31,42.
“Estamos chamando atenção de todos para essa perda que Rondônia vem sofrendo. Não se pode criar o boi aqui e ser abatido em outros estados”, apontou ele.
O relator da CPI do Boi, deputado Lazinho da Fetagro (PT-RO), falou que o estado vem sofrendo com desemprego e diminuição de impostos recebidos. “Com os bezerros desvalorizados, tivemos reflexos diretos com o fechamento de frigoríficos. Os compradores precisam retomar o nível dos preços praticados no mercado de São Paulo, ou seja, a tabela variável Cepea de R$ 135”, destacou ele.