O ex-ministro da Fazenda do governo Lula, Antônio Palocci, é suspeito de usar um “laranja” para comprar uma fazenda no município de Rondonópolis (225 Km ao Sul de Cuiabá). A suspeita é que a propriedade adquirida com dinheiro ilícito foi registrada por Palocci em nome do seu ex-chefe de gabinete, Juscelino Dourado.
A última função pública exercida por Palocci foi a chefia da Casa Civil durante o primeiro mandato da presidente da República cassada, Dilma Rousseff (PT). Na manhã desta segunda-feira (26), Palocci foi preso na 35ª fase da Operação Lava Jato denominada de “Operação Omertà”. “Nós da Receita Federal estamos acompanhando algumas vertentes, especificamente relacionadas à possível interposição de pessoas na aquisição de dois imóveis, principalmente uma fazenda em Mato Grosso. Verificação também de valores transacionados nessa operação. Possivelmente na fazenda há indícios de que houve um subfaturamento na declaração ou na escrituração”, afirmou o auditor da Receita Roberto, Leonel de Oliveira Lima.
Em abril de 2012, o jornalista Cláudio Humberto divulgou que um ex-chefe de gabinete de Antônio Palocci havia adquirido pelo valor de R$ 26 milhões uma fazenda de 800 no Km 15 da MT 130, sentido ao município de Poxoréu. A fazenda em questão seria de Dora Pauliceia, dona de um dos melhores plantéis de gado nelore de elite do país.
Os valores milionários da transação não são tanto pelo preço da terra, mas pelo gado nelore P.O (Pura Origem), muitos deles descendentes de Panagpur, consagrado reprodutor nelore com mais de 300 mil sêmens comercializados no país. A 35ª fase da Operação Lava Jato que culminou na prisão de Palocci foi batizada de “omertà”, que é uma referência à origem italiana do codinome que a construtora Odebrecht usava para fazer referência ao principal investigado da fase ("italiano"), bem como ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht que, ao ser quebrado por integrantes do “setor de operações estruturadas” permitiu o aprofundamento das investigações. Além disso, remete à postura atual do comando da empresa que se mostra relutante em assumir e descrever os crimes praticados.
Antonio Palocci foi um dos mais influentes ministros dos governos petistas e esteve envolvido em escândalos que resultaram em acusações de corrupção e enriquecimento ilícito, entre outras. Palocci se demitiu de ambos os governos exatamente por não resistir à repercussão de escândalos.