Acusada de caixa 2, Selma afirma que foi extorquida três vezes para ser absolvida no TRE: "Pediram dinheiro e cargos"

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Sexta, 14 Dezembro 2018 | OlharDireto
A senadora eleita por Mato Grosso, Selma Arruda (PSL), revelou - durante uma live em sua página do Facebook - que foi extorquida três vezes para ser absolvida no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) das acusações de caixa 2 em sua campanha. Além de valores, as pessoas - que não tiveram o nome divulgado - também teriam pedido cargos à juíza aposentada.
"Disseram que tenho uma bomba, que estou ameaçando o judiciário. Quem fala isso é doente mental, não é certo. Se eu tivesse alguma informaçõa, teria dito para as autoridades, porque não sou desta laia", comentou a juíza aposentada.
Mesmo sem dizer que tem uma bomba, Selma fez uma grave revelação: "Eu já fui extorquida três vezes por causa desta bagunça [acusação de caixa 2]. Na primeira vez me pediram R$ 360 mil, na segunda R$ 600 mil e na terceira cargos, para me absolver neste processo no TRE. Não cedo a chantagem, extorsão. Vou continuar lutando de cabeça erguida. Se a gente ceder uma vez para a corrupção, ela entranha".
"Quando eu era juíza, tinha muito mais oportunidade de ficar rica, para não prender, soltar e absolver certos 'figurões' e eu não fiz. Boa parte da mídia está se ocupando de fazer uma campanha diária contra mim", explicou a senadora eleita.
Em explicações sobre as acusações de caixa 2, Selma confirmou que contratou uma empresa de marketing para cuidar da sua imagem, o que teria sido feito por todos candidatos. Ainda acrescenta que fez o pagamento com cheques, mas que tudo foi feito dentro da legalidade. 
"Tenho dito isto desde o início. Caixa 2, o pessoal faz e fez nessa campanha em dinheiro vivo, com mala de dinheiro. Quando gastamos licitamente, emitimos cheque, tem origem, sou tranquila com relação a esta acusação. Os gastos durante a campanha e antes da campanha, não passam do teto, ficam bem distante. Não houve abuso algum da minha parte. Respeito e aguardo a decisão da Justiça. Vou acatar o que for decidido, porque tenho certeza que ela irá reconhecer a minha total lisura e que não fiz nada de errado. Eu não envergonharia vocês que depositaram o voto em mim, a minha família e meus princípios. Se saí da magistratura, não ia ser agora que ia fazer coisa errada", disse a senadora eleita.
Caixa 2
Conforme dados fornecidos ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Selma gastou em sua campanha cerca de R$ 1,7 milhão. O parecer do MPF, no entanto, cita o recebimento de receita financeira no valor de R$ 1.600,00 via depósito bancário identificado; o recebimento de doações não provenientes de produto do serviço ou da atividade econômica do doador, no valor de R$ 40.040; pagamento de R$ 4.350, antes do período eleitoral, a Ismaela de Deus Souza T. Silva, pelo serviço de secretária executiva; e arrecadação de recursos mediante empréstimo pessoal no valor de R$ 1,5 milhão, que transitou à margem da conta bancária oficial.
Além disso, o procurador apontou que não foi apresentado contrato com a empresa Genius At Work Produções Cinematográficas Ltda, impossibilitando a aferição da data de contratação e do exato valor pactuado com a empresa, estimado em R$ 700 mil.
As irregularidades apontadas por Pouchain já haviam sido evidenciadas em parecer técnico do examinador de contas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Daniel Ribeiro Taurines, no último dia 8 de dezembro.
Ao opinar pela reprovação das contas da senadora eleita, o MPF também argumentou que no parecer de Taurines foram indicados gastos de R$ 450 mil com publicidade, R$ 60 mil com pesquisa eleitoral e outros gastos, que somados chegam ao valor de R$ 300 mil, todos quitados com recursos via ‘caixa 2’ e em período proibido pela Justiça Eleitoral.
O advogado Diogo Sachs, responsável pela defesa da senadora eleita Selma Arruda (PSL), criticou o parecer do procurador Pedro Melo Pouchain Ribeiro, da Procuradoria Regional Eleitoral de Mato Grosso, que opinou pela desaprovação das contas de campanha e apontou prática de ‘caixa 2’ por parte da juíza aposentada. Sachs acusou Pouchain de antecipar, na análise, o julgamento de outras ações e de não ser isonômico, uma vez que não teria cobrado de outros candidatos declaração de gastos na pré-campanha.
Segundo Diogo Sachs, o parecer ministerial se aprofunda em provas constantes de Ação de Investigação Judicial Eleitoral, e que ainda não ultrapassaram a fase do contraditório, indo além do que determina o exame de contas. “Ou seja, o promotor antecipa em parecer de procedimento de prestação de contas, assunto que é pertinente ao mérito de outra ação ainda em trâmite”, concluiu.
“Ainda é preciso frisar que nos termos do art. 99, da já mencionada Res. 23.553, a ação de investigação eleitoral e prestação de contas são procedimentos distintos, portanto, o resultado de um não interfere no outro. Por fim, trata-se apenas de um parecer. É importante, mas não define sozinho o destino do candidato, porque as contas ainda serão julgadas”, destacou o advogado.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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