Os deputados não conseguiram convencer o governador Silval Barbosa (PMDB) no sentido de voltar à mesa de negociação com os professores. O chefe do Executivo afirmou que só reabre o diálogo depois de encerrada a greve.
Nesta quinta-feira (3), o movimento da categoria completa 52 dias.
A frente de deputados teve uma reunião com Silval na quarta-feira (2). Durante o encontro, os deputados apelaram para que o governador continuasse dialogando como os professores, no sentido de pôr fim à greve.
Governador disse aos deputados que só conversa com professores após o fim da greve
Mas, de acordo com o deputado José Riva (PDS), que participou da reunião, o governador está irredutível, no que se refere a abrir um novo canal de negociação com o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep).
"O governador disse que não apresentará nenhuma nova proposta, enquanto os professores não retornarem às salas de aula", disse o parlamentar.
Na reunião com os deputados, Silval, segundo Riva, afirmou que o Governo foi ao extremo do que podia. "Ele disse que foi ao extremo, principalmente quando encaminhou a proposta de aumento do poder de compra dos professores para ser aprovada na Assembleia e, mesmo assim, os professores não retornaram às salas de aula", disse.
Depois da reunião, os deputados relataram a situação para os professores, quanto ao posicionamento do Governo.
Ainda na noite de quarta-feira, os deputados conseguiram falar novamente com Silval, só que dessa vez por telefone. Na conversa, os deputados insistiram novamente para que o Governo mantivesse o diálogo com os professores.
De acordo com o deputado Alexandre César, que também participou da reunião, a conversa surtiu efeito no sentido de o governador pensar melhor sobre o caso. Ele disse aos deputados que daria um novo posicionamento sobre a questão nesta quinta-feira (3).
“Ele relativizou a situação. Agora, eu não sei se ele vai apresentar uma nova proposta. O que sei é que o diálogo entre a Assembleia e o Governo ainda não foi vetado”, afirmou Cesar, que é membro da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa.
Riva também disse que respeita o posicionamento de Silval, mas observou que isso não é o suficiente para acabar com a greve.
"Ele tem respaldo jurídico. Tem decisões judiciais a seu favor e se utiliza desse instrumento para tentar pôr fim à greve. Mas, isso não é o suficiente. O governador tem que manter o diálogo com a categoria. Acredito que essa é a melhor forma de resolver o problema", afirmou o parlamentar.
"A responsabilidade é do Governo"
O presidente do Sintep, Henrique Lopes, disse que vai esperar documento oficial do Governo, que será avaliado em assembleia-geral da categoria.
“Agora, se o documento tiver o mesmo teor, se não houver uma nova proposta, já podem esperar o resultado da assembleia”, disse o sindicalista, sugerindo que os professores manterão a greve, caso não haja uma nova proposta.
Lopes ressaltou que a responsabilidade é toda do Governo, no que se refere a colocar um fim na greve.
Ele disse que o governador está levando a questão para o lado pessoal, pelo fato de não querer sentar, novamente, com os professores, na mesa de negociação.
“Isso beira o absurdo. Seria o mesmo que eu, como presidente do Sintep, não quisesse dialogar com o Governo. Não se trata de uma questão pessoal, mas sim de manter um diálogo político entre as instituições. Se eu fosse analisar as coisas pelo lado pessoal, eu deixaria de fazer muitas coisas”, disse Lopes.
A assembleia dos professores da rede estadual será realizada nesta sexta-feira (4).
Impasse
O Governo propõe o reajuste salarial dos professores a partir de maio de 2014. Esse reajuste seria de forma escalonada e prevê um aumento de 100% do salário até 2023.
No entanto, os professores querem que essa proposta comece a vigorar ainda neste ano, e não a partir de maio.
O presidente do Sintep, Henrique Lopes, afirmou que o problema não é o tempo para a correção salarial, que pode ser em 7 ou em 10 anos.
“O principal impasse é que o Governo quer implementar essas mudanças daqui a 8 meses. Consideramos que isso é muito tempo”, afirmou.
Da atual proposta do Governo, os professores ainda contestam a remuneração gradativa da hora-atividade dos educadores interinos.
O pagamento seria feito em três parcelas até 2016. A categoria exige que essa remuneração seja paga, de modo integral, a partir de 2014.