Em 1980, a região de Serra Pelada, no Pará, foi invadida por milhares de pessoas em busca de enriquecimento rápido por meio da extração ilegal de ouro. Considerado o maior garimpo do país, o local chegou a ter 5 mil hectares quando foi desativada, em 1992. A estimativa é que pelo menos 45 toneladas de ouro tenham sido tirados do local.
Naquela época, todo o trabalho garimpeiro era feito de forma manual e a aréa explorada chegou ao seu auge após 12 anos. Em Mato Grosso, um garimpo na Terra Indígena de Sararé foi alvo de seguidas operações da Polícia Federal. A organização, mecanização e avanço da exploraçao chamam a atenção. Em apenas um ano, o garimpo atingiu 30% do que era a Serra Pelada, mantendo esse rítmo e sem as intervenções policiais em 3 anos ele se tornaria o que foi o maior garimpo brasileiro.
Durante todo o ano, a Polícia Federal fechou garimpos ilegais em Mato Grosso e apreendeu 47 pás carregadeiras. Somente em Pontes e Lacerda (distante 448 kkm de Cuiabá) foram realizadas 5 operações, que resultaram no fechamento de 4 a 5 áreas na região da reserva indígena Sararé.
Ainda em Pontes e Lacerda foram danificados 1,5 mil hectare. A Polícia Federal afirma que foram fechados de 4 a 5 garimpos porque alguns se tornaram tão grandes que se emendaram e aparentavam ser um só.
A área indígena foi alvo de seguidas ações policiais nas últimas semanas, na qual uma pessoa foi presa, 41 pás carregadeiras e 240 motores estacionários apreendidos. Dois dos maquinários foram doados, um para a Prefeitura de Cuiabá e outra para a Prefeitura de Aripuanã. As demais destruídas pelos agentes, pois já tinham sido danificadas pelos garimpeiros. Além das 41 apreendias na Sararé, outras 6 foram encontradas durante a Operação Ajuricaba 8, em terras indígenas Aripuanã, na região conhecida como Roosevelt.
Na Ajuruicaba foram aprendidas 38 balsas garimpeiras, usadas na extração de ouro, diamante e manganês.
“A gente doou duas e as demais não tiveram como serem removidas do local. Os garimpeiros sabotam os equipamentos para que a polícia não consiga remover. Peças essenciais são destruídas, abandonadas em áreas de difícil acesso. A gente ainda tenta pilotar, retirar os equipamentos para serem aproveitados”, explicou o delegado Roberto Moreira da Silva Filho.
Cada pá carregadeira varia em média de R$ 300 mil até R$ 1 milhão, dependendo da tecnologia e o ano de fabricação.
Conforme o delegado, foram 5 fases da Operação Alfeu na área Sararé. Além dos maquinários, foram aprendidos celulares, anotações, material de uso particular e outros pertences. Contudo, o outro ilegal foi levado pelos garimpeiros na fuga.
O delegado relata que as ações contam com apoio de satélite para identificar movimentação nas áreas e apurar se o local é usado para garimpo ilegal. Um dos garimpos interditados pertence a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Pontes e Lacerda (Cooperpontes), embargada há anos. Outros 3 eram pequenos, mas devido a informações entre os garimpeiros, passou a receber mais pessoas no começo desse ano e cresceu tanto que se tornou um só.
O policial afirma que alguns garimpeiros ainda tentam dar legalidade ao ouro extraído de área indígena, que é todo irregular, por meio de notas fiscais falsas, porém a Polícia Federal já identificou alguns fraudadores e investiga outros.
Pelo menos 500 pessoas trabalhavam na área de Sararé, porém esse número pode superar os mil, considerando que cada motor estacionário precisa de 4 a 5 pessoas para operação. Sem contar toda a estrutura para funcionamento do local de extração.
Segundo o delegado, os garimpeiros têm organização definida para fuga e se comunicam para avisar que a polícia vai chegar ao local, assim todos conseguem fugir se embrenhando pela mata. “Prender pessoas é importante, mas nosso foco principal e retirar os meios que eles usam para praticar crime ambiental nesses garimpos”, pontua Sergio Sadão Mori, superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso.