A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual (MPE) deflagraram a 'Operação Simulacrum', nesta quinta-feira (31), para cumprimento de 81 mandados de prisão temporária contra policiais militares investigados por homicídios contra 64 pessoas. Também são cumpridos 34 mandados de busca e apreensão e de medidas cautelares diversas.
Contra alguns alvos há mais de um mandado.
As ordens judiciais foram decretadas pela 12ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá. Segundo o MPE e a Polícia Civil, o grupo de militares é investigado pela morte de 24 pessoas, com evidentes características de execução, além da tentativa de homicídio de, pelo menos, outras quatro vítimas, sobreviventes.
A Assessoria de Imprensa da PM informa que vai se pronunciar sobre o caso ainda nesta quinta-feira.
A Associação dos Sargentos, Subtenentes e Oficiais Administrativo e Especialista da Polícia Militar e Bombeiros Militar Ativos e Inativos (Assoade) que defende os policiais afirmou que ainda não teve acesso aos autos. Destacou que os militares estavam em serviço e considera que as prisões foram prematuras.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Jonildo José de Assis, saiu em defesa dos policiais militares que foram alvo da 'Operação Simulacrum'. Para ele, é um absurdo a prisão dos policiais.
A operação faz parte das investigações realizadas em seis inquéritos policiais, já em fase de conclusão, relativos a supostos confrontos ocorridos em Cuiabá e Várzea Grande.
De acordo com as investigações, os militares envolvidos contavam com a atuação de um colaborador que cooptava interessados na prática de falsos crimes patrimoniais, sendo que, na verdade, o objetivo era ter um pretexto para matá-los.
Após atraí-los a locais vazios, onde já se encontravam os policiais militares, as vítimas eram executadas, sob o falso fundamento de um confronto.
A investigação afirma que há provas que comprovam os fatos contrapoem a tese de confronto apresentada pelos investigados. As investigações indicam que a intenção do grupo criminoso era a de promover o nome dos policiais envolvidos e de seus respectivos batalhões.
Na época em que ocorreram os fatos, os policiais investigados atuavam na Rotam, Bope e Força Tática do Comando Regional.
O detalhamento dos fatos será apresentado na conclusão da investigação.
No MPE, o trabalho está sendo realizado pelos promotores de Justiça que atuam no Núcleo de Defesa da Vida. Pela Polícia Civil, as investigações são conduzidas pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá.
"O Ministério Público e a Polícia Civil esclarecem que as ações investigadas foram praticadas por alguns membros da corporação que agem à margem e à revelia da lei. Enfatizam, no entanto, o relevante trabalho que a Polícia Militar realiza para a sociedade no combate à criminalidade e na proteção do cidadão", diz trecho da nota dos órgãos.