A Polícia Civil do Distrito Federal começou a cumprir, nesta quarta-feira (4), 130 mandados de prisão temporária, busca e apreensão e sequestro judicial de bens móveis e imóveis no DF, em São Paulo, em Goiás, no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. A operação mira uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas na capital.
De acordo com as investigações, os suspeitos atuavam na Vila Telebrasília e em Samambaia, e se dividiam em dois núcleos. A polícia afirma que eles planejavam e executavam ações para transporte de cocaína. A suspeita é de que, desde o início da apuração, o grupo tenha movimentado R$ 10 milhões.
14 mandados de prisão temporária dos supostos chefes e de integrantes da organização criminosa, além de uma conselheira tutelar;
60 mandados de busca e apreensão: um em São Paulo, três em Goiás, 9 em Mato Grosso do Sul e 47 no DF;
56 mandados de sequestro judicial de bens móveis (veículos e jet-skis) e imóveis;
A Polícia Civil afirma o grupo atuava sob o comando de três chefes. Os suspeitos realizavam supostas ações sociais na Vila Telebrasília para angariar apoio da comunidade. Os investigadores apontam que há registros de que a organização patrocinou festas de Dia das Crianças e de Páscoa.
Ainda segundo a polícia, há indícios de que o tráfico de drogas potencializou a eleição da conselheira tutelar presa. À época do pleito, ela era esposa de um dos chefes do grupo criminoso. De acordo com a corporação, eleitores foram levados aos locais de votação.
A investigação apontou duas ações de transporte de grandes carregamentos de cocaína, realizadas pela organização criminosa. A primeira ocorreu em novembro do ano passado, na cidade de Uruaçu, em Goiás.
À ocasião, foram apreendidos 300 kg de cocaína. A droga era levada no compartimento falso de um caminhão usado para o transporte de animais.
Na segunda apreensão, em fevereiro deste ano, policiais civis do DF e federais apreenderam, também em Uruaçu, 205 kg de cocaína. Segundo os investigadores, a organização atuou da mesma forma nas duas ocasiões, contratando batedores e responsáveis pela logística do transporte das drogas. A Polícia Civil afirma ainda que os dois carregamentos saíram da cidade de Mirassol do Oeste, em Mato Grosso do Sul.
Ainda de acordo com a corporação, as diligências demonstram que o grupo desenvolveu um mecanismo de lavagem de dinheiro para lavar os valores obtidos por meio do tráfico, que contou com o apoio de uma organização criminosa de Minas Gerais. Os suspeitos que atuavam em cidades mineiras foram alvo de uma operação, em março de 2021.
As investigações apontaram que os criminosos usavam empresas fictícias para movimentar dinheiro do crime organizado de todo país. Os valores chegam a R$ 750 milhões.
Cerca de R$ 2 milhões da organização criminosa do DF passaram pelas contas das empresas de fachada dos suspeitos alvos da operação em Minas Gerais. As investigações apontam que o lucro principal ficava com os comandantes do grupo. Eles direcionavam parte dos ganhos com tráfico de drogas à aquisição de imóveis e investimentos em estabelecimentos comerciais. A prática é considerada como lavagem de dinheiro.
A operação ganhou o nome de "Sistema". Os chefes e demais suspeitos foram indiciados por organização criminosa, tráfico de drogas interestadual e lavagem de dinheiro majorada.