Um bacharel em direito investigado pela Polícia Civil de Mato Grosso por lavagem de capitais, estelionato, pirâmide financeira e crimes contra relações de consumo foi preso nesta quarta-feira (07) no interior de Santa Catarina.
S.M. foi localizado após diligências da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor e Diretoria de Inteligência da Polícia Civil. Após a localização do investigado, a polícia mato-grossense acionou o apoio da Polícia Civil catarinense para a prisão.
O investigado foi preso na cidade de Palhoça, região metropolitana de Florianópolis. Ele era procurado há mais de um ano pela Decon, desde que foi acusado de aplicar um golpe de pirâmide financeira em, aproximadamente, 100 vítimas, que tiveram prejuízo estimado em R$ 80 milhões.
De acordo com o delegado Rogério Ferreira, titular da Decon, a Polícia Civil estima que pode haver um número bem maior de vítimas, pois muitas não registraram boletins de ocorrência.
Com os elementos informativos coletados ao longo da investigação, a Decon representou pela prisão preventiva de S.M., deferida pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
O bacharel estava morando com sua companheira, a mesma que à época em que ele fugiu de Cuiabá o levou até a cidade de Presidente Prudente (SP). A casa onde eles viviam era bastante simples, sem chamar atenção, mas monitorada por câmeras de segurança, de onde ele vigiava a movimentação na rua. Os policiais civis constataram que o local tinha poucos móveis - o casal dormia em colchões no chão.
Como tentativa de se esconder da polícia, S.M.utilizava um nome falso e deixou o cabelo a barba crescerem.
Inquérito
Em março do ano passado, a Delegacia do Consumidor em Cuiabá instaurou investigação para apurar os golpes supostamente praticados pelo bacharel, que, segundo os investigadores, se passava por advogado de um escritório renomado na Capital para angariar clientes para a pirâmide financeira.
Conforme a investigação apurou, há aproximadamente cinco anos S.M. passou a informar a interessados que operava como day trader na plataforma Forex, comprando e vendendo dólares e euros.
Segundo os depoimentos colhidos e documentos reunidos na investigação, S.M. dizia que tinha um robô que realizava operações altamente lucrativas e prometia retorno mensal com juros de 5% a 8% ao mês para quem investisse o dinheiro com ele. Há relato de vítima que chegou a aplicar R$ 3 milhões.
A partir dessa época, ele passou a receber dinheiro de pessoas de seu círculo de relacionamento, interessadas em investirem razão da promessa de juros mensais. Entre os clientes estavam integrantes de uma loja maçônica de Cuiabá à qual ele pertencia e da qual foi expulso após a descoberta dos golpes.
Segundo a apuração realizada pela Decon, o investigado efetuou os pagamentos de forma regular dos valores aplicados até o mês de dezembro de 2021.
A partir de janeiro de 2022, ele deixou de pagar seus clientes sob a alegação de que não estava conseguindo repatriar o dinheiro por uma restrição na Receita Federal e multa aplicada pelo fisco nacional. S.M. alegou que a Receita havia lhe aplicado uma multa no valor de R$ 1,5 milhão.
Diante desse suposta multa que sofreu da Receita Federal, alguns clientes lhe emprestaram o valor para que, então, ele pudesse a repatriar o dinheiro supostamente investido no exterior e assim retomar os pagamentos mensais. Contudo, os investidores descobriram que o suspeito não tinha nenhuma pendência com o fisco federal e nem foi multado pelo órgão.
Fuga
A Polícia Civil apurou que na primeira quinzena de março do ano passado, o bacharel se hospedou em um resort na região do Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães. Na semana seguinte, ele fugiu de Cuiabá em um Ford Ecosport. A Decon investigou que sua companheira o levou até o interior de São Paulo e o deixou na rodoviária da cidade de Presidente Prudente.
“Ele agiu dessa forma com o objetivo de escapar das pessoas que investiram com ele e que, a essa altura, já estavam conscientes de que ele não pagaria mais os juros mensais prometidos, muito menos devolver os valores investidos”, pontuou o delegado Rogério Ferreira.
Em diligências para intimar o acusado, no ano passado, a equipe de investigação foi ao escritório onde ele trabalhava e na casa onde morava com a companheira. Pessoas ouvidas pela equipe informaram que não tinham notícias dele havia mais de uma semana e sua companheira declarou que não sabia do paradeiro dele.