Delegado e 3 policiais são indiciados por suspeita de crimes em MT
Uma investigação acerca de supostas irregularidades cometidas pelo policial Welington Fernandes, preso no mês passado por suspeita de corrupção, identificou outros crimes envolvendo supostamente o delegado Francisco Kunze, um escrivão e um investigador, ambos da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. O delegado, os três policiais e mais sete pessoas foram indiciados pela Polícia Civil e podem responder judicialmente pelas acusações.
O G1 tentou entrar em contato com o delegado, mas ele não atendeu às ligações e não deu retorno até a publicação desta reportagem. A equipe também não conseguiu localizar o advogado do investigador que está preso.
A juíza Selma Rosane Santos Arruda, da 7ª Vara Criminal da capital, encaminhou o inquérito para o Ministério Público Estadual (MPE), a quem cabe oferecer denúncia ou não. O MPE informou que o inquérito deve ser analisado pela promotora Ana Cristina Bardusco, da Promotoria de Defesa da Administração Pública e Ordem Tributária, mas que ainda não chegou ao MPE.
Os crimes não teriam ligação entre si e foram descobertos no decorrer do inquérito a partir da análise da conduta dos servidores daquela delegacia. O principal investigado era Welington, que atuava como chefe de operações da delegacia. Ele foi detido no dia 25 do mês passado por causa dos indícios de que usava o cargo de policial para obter vantagem indevida.
O investigador foi indiciado por corrupção, porte ilegal de arma de fogo e por suspeita de interceder pela libertação de presos, ato denominado de 'advocacia administrativa', e também por falsidade ideológica. Uma terceira pessoa teria abastecido uma viatura da delegacia em um posto de combustíveis usando o nome do policial.
Já contra o delegado Francisco Kunze, titular da delegacia, pesa a suspeita de que seria sócio-proprietário de uma empresa de segurança privada, o que é vetado aos policiais. Os donos não seriam as pessoas cujos nomes constavam no contrato social da empresa. Por causa disso, o delegado foi indiciado por falsidade ideológica.
Assim como nos outros dois casos, o crime supostamente cometido pelos outros dois policiais, sendo um investigador e um escrivão, não teria nenhuma relação. Eles são suspeitos de receber vantagem indevida em um episódio em que um carro que teria sido roubado foi localizado em Várzea Grande. O dono do veículo teria oferecido uma recompensa para os policiais, que supostamente teriam aceitado.
Os outros indiciados teriam ligação com os crimes que, em tese, foram cometidos pelo ex-chefe de operações da delegacia e com a empresa que seria de propriedade do delegado. A polícia não pediu a prisão dos indiciados. Os policiais continuam trabalhando normalmente. Um procedimento administrativo ainda deve ser aberto para apurar a conduta dos servidores.