Comando Vermelho planejava explodir Comando Geral da PM em Cuiabá
As medidas de segurança que as forças de segurança, através da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), têm tomado contra o Comando Vermelho de Mato Grosso revoltaram a facção, que já estava planejando um contra-ataque às forças policiais.
Em uma 'teleconferência' via celular, interceptada pelo GCCO, Miro Arcângelo, segundo no comando da facção, determina que um dos “soldados” do Comando vá até Campo Verde buscar oito granadas para atacar o Comando Geral da Polícia Militar, em Cuiabá.
A ação, segundo Miro, seria para arrumar “umas ferramentas de elite” para destruir a polícia. O líder da facção diz a Reginaldo Aparecido Miranda que ele tem que ir “pra cima dos homens”. No entendimento dos promotores do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), "homens" significa a polícia, que está agindo ininterruptamente contra a criminalidade organizada.
A ideia de jogar atacar o Comando Geral surgiu de uma conversa entre Reginaldo e Miro, no dia do velório de Maninho e Binho. Os dois foram assassinados em uma noite de domingo no bairro Pedregal. Até hoje o autor dos crimes não foi identificado. Maninho era considerado um dos maiores traficantes de Cuiabá. Em uma parte do telefonema, Miro cita que Maninho era "gente homem", "firmeza".
A Promotoria de Combate ao Crime Organizado também acredita que a ordem de explosão do quartel seria porque os líderes da facção desconfiam que foram os policiais que mataram Maninho. "Quem desceu o porrete foi polícia. São tudo safado. Temos que explodir a casa deles", diz trecho da interceptação.
Veja abaixo um trecho da conversa entre Miro e Reginaldo:
Miro – Alô, salve Reginaldo.
Reginaldo – Salve, Miro. Tô com a PT com dois pentes. Peguei o oitão também. Fui no velório do Maninho, mas não pude descer. Tá rodeado de polícia... vai ser no Centro Comunitário... Binho também foi no embrulho... estou achando que essa parada foi porrete da polícia...
Miro – Tava trocando ideia com o Marcelo [também denunciado]. Levaram ele no Gaeco e falaram que se morresse policia em Lucas do Rio Verde iria matar os filhos deles... os caras disse que vai passar o porrete nos homens sem pano. Tem um sem vergonha de um policia que cola na quebrada pra fumar o trem... a ideia é passar o porrete...
Reginaldo – Sei...
Miro – Arruma pra nós umas "ferramentas da elite"... Tem um bambino de Campo Verde que está com oito granadas... daquele jeito. Vamos jogar nesse Comando Geral e explodir todo mundo, matar um pouco dessa desgraça aí.
Os quatro promotores responsáveis pela denúncia, que já foi apresentada à Vara de Combate ao Crime Organizado, pedem que todos sejam indiciados por homicídio e formação de quadrilha. São 14 denunciados, mas nomes como os de Sandro Louco e Miro, os chefes da facção, não aparecem na nova denúncia, pois ambos já foram citados em operações passadas.
A Promotoria ainda investiga a forma como os celulares entram na cadeia. Na denúncia, fica claro e explícito que todos os citados utilizam o celular para sentenciar mortes em Cuiabá, principalmente no Pedra 90, e fazem uma espécie de conferência para decidir quem matar, quem vai pilotar, quem alugará as armas e quem financiará a droga. O caso sendo analisado pela juíza Selma de Arruda, titular da Sétima Vara de Cuiabá.