Operação “Poeira Branca” foi deflagra nesta quinta pela Policia Civil em Jangada
A Polícia Judiciária Civil deflagrou simultaneamente, na manhã desta quinta-feira (14.04), duas operações para prender 36 membros de duas organizações criminosas atuantes nos estados de Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Pernambuco. As quadrilhas, investigadas pela Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE), tinham núcleos fornecedores de drogas na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia.
A primeira operação, denominada "Poeira Branca", cumpre 19 mandados de prisão preventiva seguidos de busca e apreensão domiciliar, contra uma quadrilha que trazia maquinários agrícolas, como tratores roubados ou furtados no estado de São Paulo, para trocar por drogas na fronteira de Mato Grosso.
A operação "Poeira Branca" cumpre três mandados de prisão nos municípios paulistas São José do Ribeirão Preto, Catanduva e Marapoama; 1 mandado em Mato Grosso do Sul; e os demais em Mato Grosso nas cidades de Rondonópolis (1), São José dos Quatro Marcos (3), Diamantino (1), Jangada (1), Cáceres (2), Araputanga (3), Glória D' Oeste (1), Porto Esperidião (2) e Mirassol D' Oeste (1).
As investigações da DRE iniciaram há cerca de 10 meses. Durante os trabalhos, três máquinas agrícolas do tipo retroescavadeiras foram apreendidas. As máquinas vieram de São Paulo e foram entregues a compradores em municípios da fronteira de Mato Grosso com a Bolívia em troca de droga.
Uma máquina roubada no ano de 2014, na cidade de Hortolândia (SP), foi encontrada em maio de 2015 em uma propriedade rural no município de Indiavaí (367 km a Oeste de Cuiabá). Outras duas foram apreendidas em Araputanga (345 km a Oeste).
As máquinas avaliadas em cerca de R$ 150 mil eram negociadas por valores médios de R$ 30 mil, convertidos em tabletes de pasta base de cocaína. Dois desses carregamentos de cocaína, um de 20 quilos apreendido em Mirassol D’ Oeste e outro de 15 quilos no município de São José dos Quatro Marcos, foram interceptados nas investigações pela Polícia Civil, além de uma espingarda e uma pistola calibre 45.
Também nessa investigação, os policiais descobriram que um assassinato ocorrido em 27 de julho de 2015 estava relacionado ao tráfico de drogas promovido pela compra das máquinas. A vítima, Luciano Balbino, foi morta a tiros em uma estrada vicinal, próximo ao município de Indiavaí. Ele tinha comprado a retroescavadeira apreendida em Indiavaí e não teria pago a quadrilha, que mandou executá-lo.
A segunda operação batizada de "Rota Tripla" é alusiva aos três principais destinos da droga adquirida pela organização criminosa na fronteira. O entorpecente saía do município de São José dos Quatro Marcos, seguia para Cuiabá (MT), Goiânia (GO) e estados do Nordeste, como Pernambuco e Bahia.
Dezessete mandados de prisão e sete de buscas estão sendo cumpridos em Caruaru (PE), Goiânia (GO), São José dos Quatro Marcos, Cuiabá, Cáceres, Araputanga e Mirassol D' Oeste. Outras sete ordens judiciais foram decretadas contra traficantes já presos, sendo 4 na cadeia de Mirassol D' Oeste, 1 na unidade de Araputanga e 2 para presos recolhidos em São José dos Quatro Marcos.
As investigações dessa quadrilha levaram à apreensão de mais de 250 quilos de cocaína no ano passado, apreensão de um fuzil, uma pistola, dois revólveres e sete veículos, sendo um Ford Fusion que foi acautelado pela Justiça para uso da Delegacia de Entorpecentes no combate ao tráfico de drogas.
Um dos maiores carregamentos, 120 quilos de cocaína, foi apreendido em setembro de 2015, com quatro membros da quadrilha presos na fronteira. Quarenta quilos foram encontrados acondicionados no assoalho de um veículo Corsa preto, que seguia para o município de Curvelândia. Outros 82 tabletes de cocaína foram apreendidos em uma chácara no município de Mirassol d'Oeste.
A droga estava enterrada junto com um fuzil 5.56, uma pistola calibre 22, um revólver calibre 38 e 76 munições de calibre 9 mm, 38 e de fuzil. Com os traficantes foram apreendidos quatro veículos, sendo duas picapes, uma Ranger e um veículo Ford Fusion.
O delegado da DRE, Juliano Carvalho, explicou que as duas organizações criminosas são distintas e agiam cada uma dentro do esquema do tráfico de drogas montado na fronteira. "Ambas começaram com denúncias anônimas. Nossos policiais da DRE fizeram o acompanhamento da situação que veio a desencadear nas apreensões e agora nessa operação", disse.
Conforme o delegado, a quadrilha alvo da operação "Rota Tripla" conseguia movimentar mais de 200 quilos de cocaína por mês, o equivalente a R$ 1,2 milhão. Os envolvidos, segundo Juliano Carvalho, são empresários da região de fronteira e de Cuiabá, apontados como os lideres do tráfico, que contavam com auxílio de pessoas desempregadas e de baixa instrução para o transporte do entorpecente ocultado em veículos.
"A droga era levada para alguma chácara na fronteira, armazenada, e na medida que chegavam os pedidos de entorpecentes, os carros eram preparados nos conhecidos mocó e depois pintados. O serviço de funilaria era muito bem feito ao ponto que uma fiscalização jamais detectaria a presença de droga no veículo", destacou Juliano.
Para a operação foram empregados cerca de 120 policiais civis da Diretoria de Atividades Especiais, das Diretorias do Interior, por meio das Regionais de Cáceres, Rondonópolis e Alta Floresta, e Diretoria Metropolitana, por meio da Regional Várzea Grande, e apoio de um helicóptero do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).
Presos
Até o momento, as operações Poeira Branca e Rota Tripla já efetuaram a prisão de 20 membros das quadrilhas investigadas. Um dos presos da operação "Poeira Branca", em Rondonópolis, José Marengo Neto, conhecido como "Veio", foi autuado em flagrante com cinco identidades falsas e outros documentos. Ele usava o nome falso de José Machado Neto para cometer estelionatos e tinha a função de transportar a droga que chegava em Rondonópolis até São Paulo.
Em São José dos Quatro Marcos foi preso Thiago Pereira dos Santos, apontado como líder da quadrilha da operação Rota Tripla. Com ele foi apreendido R$ 26 mil em sua residência. "Ele mantinha uma marmoraria de fachada, onde aconteciam os encontros. Inclusive, o Thiago levava droga para o local e rapidamente distribuía. Ele ainda levava para enterrar em uma chácara no município de Mirassol D' Oeste", disse a delegada Anamaria Machado, que presidiu as duas investigações.
A delegada destacou que ao longo da investigação houve importante apoio do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), nas apreensões ocorridas, assim como da Polícia Federal, do Ministério Público e Poder Judiciário local. "Essa união de integração entre os poderes auxilia bastante no combate ao tráfico de drogas, em especial na fronteira", declarou Anamaria.
Nomes
Operação Poeira Branca - nome alusivo à poeira levantada por máquinas e veículos nas estradas de terra ou que no caso eram atravessadas para a fronteira e voltavam na forma em pó de cocaína.
Operação Rota Tríplice - referência às três regiões para onde a droga seguia.