Suspeito de ligação do Estado Islâmico, Valdir Pereira da Rocha, que estava foragido, se entregou nesta sexta-feira (22) à Polícia Federal na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, a 562 km de Cuiabá. Além de Valdir, a Polícia Federal havia prendido outros dez suspeitos de planejar um ataque durante a Olimpíada, na Operação Hashtag. Um suspeito de integrar o grupo segue foragido. Eles são suspeitos, segundo o Ministério da Justiça, de terem realizado "atos preparatórios" visando ações terroristas.
Na quinta-feira (21), a polícia chegou a cumprir um mandado de busca e apreensão em uma residência, em Vila Bela da Santíssima Trindade, a 562 km de Cuiabá.
Segundo a Polícia Federal, Valdir se entregou a uma equipe de policiais por voltas das 18h [horário de Mato Grosso]. Ele deve ser ouvido e depois encaminhado a um presídio federal. Ainda segudo a PF, por questão de segurança, o local para onde ele será levado não deve ser divulgado.
Estas foram as primeiras prisões no Brasil com base na recente lei antiterrorismo, sancionada em março pela presidente afastada, Dilma Rousseff. Também foram as primeiras detenções por suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico, que tem cometido atentados em várias partes do mundo.
Segundo a PF, os dez presos na Operação Hashtag foram levados para o presídio federal de Campo Grande. A unidade é de segurança máxima e recebe presos de alta periculosidade, como o traficante Fernandinho Beira-Mar, que está detido no local.
Outro foragido
O mecânico Leonid El Kadre de Melo, que também teve um mandado de prisão expedido pela Justiça Federal, continua foragido da polícia. Na quinta-feira (21), a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na residência dele.
O G1 entrou em contato com a ex-mulher de Leonid El Kadre nesta sexta-feira (22). Marissol Dias, de 21 anos, afirmou que nunca desconfiou da ligação do marido com o Estado Islâmico. Eles permaneceram casados por seis anos e oito meses. "Ele era um bom pai e um bom marido. A única relação dele com o islamismo era a religião. Por causa disso, eu também me converti", declarou.
O casal está separado há cerca de quatro meses e mantém contato apenas por causa do filho. Segundo Marissol, a útlima vez que falou com o ex-marido foi no último final de semana, após o suspeito passar alguns dias com o filho. "Desde então, ele não entrou em contato comigo ou com o filho", disse.
'Célula amadora'
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse em entrevista coletiva na quinta-feira que os investigados na operação não tiveram contato com membros do Estado Islâmico e que se trata de uma "célula absolutamente amadora", porque não tinha "nenhum preparo".
Moraes disse que o grupo mencionava a intenção de comprar um fuzil AK-47 em uma loja clandestina no Paraguai.
Ainda segundo o ministro, os investigados na operação, batizada de Hashtag, nunca tinham se encontrado pessoalmente e eram monitorados há meses pela polícia. Eles costumavam se comunicar pela internet, por meio dos aplicativos de mensagem instantânea WhatsApp e Telegram.
Segundo o Ministério da Justiça, os investigados na operação responderão individualmente pelos crimes de promoção de organização terrorista e realização de atos preparatórios de terrorismo. A pena para o primeiro crime é de cinco a oito anos de prisão, além do pagamento de multa.