Botelho descarta 'CPI da Defaz' e diz que nem Silval utilizou polícia para fins políticos
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Eduardo Botelho (DEM), anunciou que não irá abrir procedimento para investigar a denúncia apresentada pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) contra o governador Mauro Mendes (DEM). O prefeito da Capital acusa o governador de utilizar a estrutura do Estado para prejudicá-lo politicamente. Botelho, no entanto, renegou os indícios e considerou que “nem mesmo Silval” utilizou a polícia para fins políticos, conforme sugere o emedebista.
“Não acredito, porque a polícia hoje é totalmente independente. Caso de polícia é caso de polícia. Ninguém utilizou isso, nem Silval quando era governador utilizou policia. Então, não vejo essa possibilidade. Não vamos abrir CPI porque não tem necessidade nem fundamentos para se criar uma CPI. Precisa de argumentos e fatos concretos para se criar CPI, então, nesse caso não vejo necessidade”, avaliou Botelho.
A denúncia de Emanuel dá conta de que o governador Mauro Mendes estaria pressionando o delegado-geral da Polícia Civil, Mário Demerval, a abrir procedimentos de investigação contra o prefeito, tanto no bojo da administração da Prefeitura, como em questões relativas à vida pessoal do emedebista – o que incluiria, inclusive, uma operação que estaria prestes a ser deflagrada.
O governador, até o momento, não se pronunciou sobre a denúncia, mas conforme apurou Olhar Direto, Mendes entrou em contato com alguns deputados, por telefone, para tratar do assunto.
Apesar da avaliação de Botelho, há a denúncia de que a estrutura da Polícia de Mato Grosso, no caso a Militar, foi utilizada recentemente para fins políticos, no episódio conhecido como grampolândia pantaneira, quando escutas ilegais foram utilizadas para grampear adversários políticos do ex-governador Pedro Taques (PSDB). Emanuel, inclusive, citou o fato na última segunda-feira (02), ao ser questionado por jornalistas sobre a denúncia que fez contra Mendes.
“Fiz a denúncia primeiramente no Poder Legislativo, que é o fórum competente para investigar atos do poder do Executivo, especialmente dos agentes públicos. Este foi o primeiro passo. Fiz uma denúncia com base em informações de pessoas idôneas da nossa sociedade. Se não, jamais teria feito. Estou pedindo que se apure. Se confirmado isto, será muito maior que a grampolândia pantaneira”, disse Emanuel.
Nesta terça-feira (03), data em que a Assembleia deveria discutir a denúncia no Colégio de Líderes, o assunto foi “ignorado”. Provocado pelo deputado Ulysses Moraes (DC), Botelho informou que ainda não tinha analisado a documentação.
“Nós vamos chamar o procurador para discutir com ele qual encaminhamento deve ser dado. Mas possivelmente vou passar uma copia para os deputados e depois, semana que vem talvez, a gente reúne e vê se vamos encaminhar para o Ministério Público, se vamos acompanhar de longe... Não tem fundamento nenhum para a Assembleia fazer algo a mais que isso. Ele diz que recebeu informações de que a Defaz estava sendo modificada porque os delegados de lá se recusaram a fazer ações que prejudicasse ele, prefeito e administração, mas não deu nomes, nada, só fez a denúncia. Possivelmente vou criar uma comissão para acompanhar, ir na delegacia eventualmente. É o que podemos fazer”, disse Botelho, na manhã desta quarta-feira.