A Executiva do Democratas realiza nesta segunda-feira (27) uma reunião para discutir o lançamento de uma candidatura própria para disputar a eleição suplementar ao Senado marcada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) para o mês de abril. Autodeclarado pré-candidato pelo DEM, o ex-governador Júlio Campos aguarda o resultado da reunião com expectativa. “Por enquanto, o único que manifestou oficialmente perante o partido o desejo de disputar a eleição foi o meu nome. Então nós estamos aguardando esta reunião para que se for homologado, se o DEM entender que eu possa disputar o mandato, vou colocar meu nome à disposição do eleitorado de Mato Grosso para disputar o mandato de senador de Mato Grosso em 26 de abril próximo”, disse Júlio Campos, em entrevista ao Programa Bareta Show, na TV Cuiabá (Canal 47).
Durante a entrevista, Júlio Campos contou que assim que a eleição suplementar foi definida, seu partido e amigos o estimularam a colocar seu nome à disposição para ser um dos candidatos ao Senado Federal. “Analisei com alguns amigos, com correligionários, com alguns familiares e realmente chegamos à conclusão que seria muita covardia minha não participar, estando com saúde boa. Estou com 73 anos, com pique de 60 anos, nunca estive tão bem de saúde como estou agora. No dia 13 de março, agora faz três anos que fiz transplante. Eu vivo um momento de euforia, de alegria, deu tudo certo graças a Deus", disse sobre o o transplante, de fígado, realizado em março de 2017 em Fortaleza (CE) em decorrência de uma cirrose hepática.
Júlio Campos disse que comunicou sua decisão de ser candidato ao deputado Eduardo Botelho (DEM), presidente da Assembleia Legislativa; ao deputado Dilceu Dal Bosco (DEM), líder do governo na ALMT; e também o senador Jayme Campos (DEM) e o presidente do Democratas em Mato Grosso, o ex-deputado federal e atual suplente de senador Fábio Garcia (DEM). “Procurei os membros do meu partido e o próprio governador antes de ele viajar em férias e comuniquei que meu nome estava à disposição para ser candidato”, revelou.
Embora seu desejo seja o de ter o nome homologado, o ex-governador entende que o assunto deve render muito debate, até porque existe a possiblidade de o DEM fazer alguma aliança com outros partidos para compor uma chapa. Do seu próprio partido, ele mesmo cita o nome de outros possíveis candidatos, como o de Eduardo Botelho, Dilmar Dal Bosco, Fábio Garcia, ou outro nome que possa surgir. “Entre colocar meu nome à disposição e ser candidato é outra coisa. Há um caminho longo a percorrer. Vai depender do partido decidir”, admite.
Quanto ao relacionamento pessoal com o governador Mauro Mendes, Júlio Campos garante que é muito bom, afora alguns “desarranjos” no campo político. No caso, a posição do governador em relação à eleição suplementar.
Mendes já declarou que vai aguardar a definição das convenções, que serão realizadas entre os dias 10 e 12 de março, para definir sua posição, se ficará neutro na eleição ou apoiará algum candidato. Durante a entrevista, Júlio lembrou que ao ser eleito em 2018, além do DEM, que lançou seu nome, Mauro Mendes teve o apoio de uma aliança partidária que envolveu 11 partidos.
Dentre eles, o PDT, de seu vice Otaviano Pivetta; do PSD, de Carlos Fávaro, que disputou para senador em sua chapa e ficou em terceiro lugar; além de outros partidos como o PSC e o MDB. “Ocorre que agora, nesta eleição, os nossos partidos aliados também estão apresentando nomes e ele entende como bom gestor, que neste momento tem que ter muita habilidade”, disse o ex-governador Júlio Campos.
Dos postulantes ao cargo, Júlio citou Carlos Fávaro, que chegou a ter o nome mencionado pelo governador como um candidato que poderia receber seu apoio por uma questão de “coerência”, já que estiveram do mesmo lado em 2018. E tem ainda o nome do vice-governador Otaviano Pivetta, que já comunicou ao próprio governador que será candidato. “Agora surgiu o nome do nosso vice-governador, que é um politico respeitável, preparado, equilibrado. Já foi prefeito três vezes de Lucas do Rio Verde e também colocou seu nome pelo PDT para disputar o mandato e outros que podem disputar. O DEM colocou Júlio Campos. Então o govenador, habilmente, está numa sinuca de bico, porque tem três aliados que disputam. Acho que numa situação dessa, o melhor caminho é o governador Mauro Mendes permanecer neutro. Liberar seus amigos para votar, porque qualquer um dos três do seu grupo que for eleito vai ter o senador ao seu lado em Brasília”, defendeu.
BAIXADA CUIABANA
Em suas articulações para ser definido como pré-candidato, Júlio Campos tem se apresentado como um legítimo representante da Baixada Cuiabana. Assim que colocou seu nome, ele foi buscar o apoio do atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que comanda uma cidade que tem 400 mil eleitores e também já conversou com prefeitos da Baixada.
Ele contou que já procurou também o apoio da prefeita Lucimar Campos, de Várzea Grande (180 mil eleitores), e de outros prefeitos vizinhos, como de Chapada dos Guimarães, Santo Antônio de Leverger, Barão de Melgaço, Poconé, Acorizal, Nossa Senhora do Livramento, de Jangada, Rosário Oeste. “Nós estamos visitando, telefonando, pedido apoio porque a Baixada não pode ficar excluída deste processo e nada melhor do que ter um candidato autêntico da Baixada Cuiabana. Melhor candidato do que eu na Baixada não tem. Cá entre nós, se eu for candidato, a Baixada sabe que a representação dela no Senado está consolidada. Agora, se o partido entender que eu não deva ser candidato, que o caminho do Democratas é outro, contrariando a decisão do diretório nacional que recomendou que temos que disputar esta vaga em abril, em Mato Grosso, nós vamos ter que sofrer um retrocesso. Mas eu acredito que se tudo correr bem, nós estaremos à disposição do partido como pré-candidato a disputar esta eleição”, considera.
Do alto de experiência política, Júlio Campos também projeta um alto índice de abstenção, de 45% (o normal é de 30%), na eleição suplementar, já que será uma eleição “solteira” (por ser a única e não vir acompanhada de disputa para outros cargos). Em sua opinião, o candidato deve ser muito “atrativo” para a população ir votar. “Votando menos gente, é menos votos. Muita gente [candidatos] o voto vai pulverizar. Quem tiver 250 mil, 300 mil votos, deve ser eleit. Se for eleito, prometo fazer um grande trabalho. Não vou aprender a andar no Senado, aprender a fazer projeto, não serei senador de primeiro mandato, vou ser um parlamentar com quatro mandatos: três como deputado federal e um como senador”, concluiu.