Governador revela desejo de ser senador, mas define futuro político apenas em abrilO que reserva 2014 para o governo do Estado e para Mato Grosso somente o governador Silval Barbosa (PMDB), entrevistado especial de A Gazeta, vai tentar traduzir diante da atipicidade do momento que circunda o ano eleitoral misturado com o ano da Copa do Mundo e das promessas de um legado de obras e ações históricas para o Estado e sua gente.
Silval Barbosa será ou não candidato? Qual o futuro de Mato Grosso? Como ele espera ser avaliado pelo cidadão?
Para estas e outras perguntas você vai conhecer as respostas agora.
Em 2014 serão três meses e cinco dias de governo Silval Barbosa (PMDB), ou serão 12 meses?
Silval - Estou focado em terminar bem a minha gestão. Tenho compromissos assumidos com Mato Grosso e sua gente que alguns dias atrás muitos colocavam em dúvida que iriam sair do papel. Cheguei a ouvir de alguns que Mato Grosso seria descartado pela Fifa e nenhuma obra seria entregue. A história está mostrando o contrário.
Mas existem chances do senhor ser candidato em 2014?
Silval - Existe chance tanto de me candidatar, como permanecer a frente do Governo do Estado e concluir meu mandato, honrar meus compromissos. Essa é uma decisão que não passa apenas por mim, passa também pelo meu partido o PMDB e pelas siglas aliadas. Vaidade por cargos não tenho, mas vontade de ser julgado pela população é o que todos os políticos aguardam e vão passar querendo ou não.
Se não houvesse dúvidas quanto ao seu futuro político, o senhor seria candidato a qual função?
Silval - Não me decidi ser candidato, mas gostaria de pleitear o mandato de senador da República para representar Mato Grosso. Agora isto depende de uma série de fatores que só serão decididos nos próximos três meses e alguns dias.
Mesmo sem ser candidato, o senhor deverá ser um dos fiéis da balança eleitoral e até é considerado um dos principais eleitores. Como o senhor coordenará o processo eleitoral dos partidos aliados?
Silval - O PMDB é o meu partido e vou me esforçar para que ele tenha um desempenho forte nestas eleições. Já quanto aos partidos aliados, se nos mantivermos unidos tenho convicção de que nossas chances de vencer as eleições são consideravelmente grandes. É claro que cada partido tenta buscar seu espaço, mas é possível uma conjunção de esforços no sentido de compormos uma forte coligação que mantenha o atual nível de desenvolvimento e obras para Mato Grosso.
Quando o senhor fala em desenvolvimento e obras remetem para a Copa do Mundo de 2014 que inegavelmente trouxe muitos investimentos públicos federais e estaduais. Essa relação seria diferente sem o apoio do governo federal da presidente Dilma Rousseff?
Silval - Com certeza muitas das obras não seriam realidade. Essa relação Mato Grosso com o Governo Federal foi e continuará sendo boa para ambas as partes, pois o Estado através do agronegócio mantém o superávit da Balança Comercial Brasileira que superou os US$ 100 bilhões em outubro passado e em contrapartida recebe os investimentos necessários para obras importantes, não apenas na Copa do Mundo, mas em vários programas de interesse de todo cidadão que vive aqui e produz sua riqueza aqui.
Mas e a relação com a presidente Dilma foi importante?
Silval - Claro e lógico que sim. Mato Grosso é um Estado carente de recursos e sempre estamos em Brasília brigando por mais e mais verbas e buscando programas, incentivos e benefícios, pois tudo ajuda. A boa vontade política é essencial para continuar neste ritmo acelerado de desenvolvimento. Basta ver obras significativas como a duplicação de trechos da BR-163 a principal artéria para escoamento da mega safra agrícola.
A BR-163 vai ser repassada a partir de 2014 para a iniciativa privada. Isto será importante para o Estado?
Silval - Sem dúvida alguma. O atraso nas obras de duplicação e de melhorias da principal via de escoamento da safra agrícola atrasou também o desenvolvimento de Mato Grosso. Com a entrada da iniciativa privada novos ares serão presenciados ao longo da rodovia que vai de Norte a Sul e que também teve trechos de Mato Grosso do Sul repassados a iniciativa privada. Serão R$ 4,6 bilhões em recursos aplicados na duplicação e a necessidade de que exista pelo menos 10% das obras prontas para que a Construtora Odebrecht possa começar a cobrar o pedágio que ficou 52% abaixo do preço estipulado, mostrando que existe viabilidade econômica na obra e na exploração da rodovia.
Quanto às demais rodovias federais, qual é sua expectativa?
Silval - A mesma da BR-163, ou seja, de que obras sejam colocadas em prática nas BR-158, na 364, 070, na 242 entre outras. Faltam 300 km para que a produção do Médio Norte Araguaia chegue a Ferrovia Norte Sul em Goiás, então essas obras são importantes para o desenvolvimento de toda uma região do Estado. Se a concessão da BR-163 der certo e isto vai se concretizar estará aberto em definitivo o processo de concessão rodoviária que já estamos fazendo de forma acanhada em Mato Grosso, mas já estamos no mesmo sentido, já que o Poder Público tem se demonstrado ineficiente para fazer frente a todos os obstáculos a serem vencidos.
E o programa MT Integrado?
Silval - É uma continuidade dos programas federais. O MT Integrado foi um esforço do governo de buscar R$ 1,5 bilhão emprestados com carência para se pagar por 30 anos e que vai possibilitar nos próximos anos que 44 cidades do Estado que não eram interligadas por pavimento asfáltico com a Capital, Cuiabá estejam integradas ao Sistema Rodoviário Nacional, ou seja, além da nossa parte precisamos que as rodovias federais também estejam em condições de trafegabilidade. Asfalto em Mato Grosso não é luxo e sim necessidade e a certeza de que o desenvolvimento vai chegar junto.
O desenvolvimento pregado pelo senhor exige mais e mais investimentos. Este círculo nunca vai parar?
Silval - Crescer leva a novas adversidades e a necessidade de se ampliar os recursos a serem aplicados. A logística de transporte é essencial para Mato Grosso por causa de sua grande extensão territorial e porque não existe o resultado do agronegócio sem o escoamento desta produção. Por isso a constante necessidade de se investir cada vez mais no transporte, seja ele rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroviário. A Ferrovia Vicente Vuolo ou Ferronorte já chegou a Rondonópolis e não vai parar. Naturalmente ela vai continuar e chegar ao Pará. Assim como a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste FICO também vai sair do papel por causa da sua viabilidade econômica e da sua importância no processo de desenvolvimento e potencialização do agronegócio. Essas obras vai ainda potencializar outra grande economia de Mato Grosso que será o extrativismo mineral. Escrevam aí Mato Grosso terá em até duas décadas um novo veio econômico, a exploração de minerais e pedras que vão render muitos dividendos como o agronegócio.
E a Copa do Mundo? Muitas pessoas colocaram em dúvida a realização do evento. Existem riscos?
Silval - Toda grande obra tem adversidades. A falta de uma memória técnica dos sistemas de esgotamento sanitário, águas pluviais, rede de energia elétrica acabaram atrapalhando a execução de grandes obras como trincheiras e viadutos. Mas soluções criativas e inteligentes foram buscadas e aos poucos estamos entregando parcial ou de forma definitiva obras que vão melhorar a qualidade de vida da população. É claro que a Copa do Mundo é um legado, mas os benefícios para a população são mais importantes.
Mas o senhor mesmo admitiu que o VLT, que é a maior obra, não deverá ficar pronto até a Copa?
Silval - A Copa do Mundo foi um dos grandes propulsores do desenvolvimento nos últimos meses, mas não dá para pensar que Cuiabá e Mato Grosso só vão até a Copa. Existe toda uma continuidade e tenho certeza que até o final de 2014 o VLT, bem como, todas as obras estarão prontas para atender as necessidades. Muitos duvidaram, mas a história vai contar a verdade e as obras vão comprovar essa verdade.
Quando o senhor fala que muitos duvidaram das obras está mandando um recado para os políticos?
Silval - Sim. É direito de o cidadão cobrar seus governantes, reclamar. Agora os políticos que tentam pegar carona nas críticas de olho nas eleições e na possibilidade de terem algum lucro neste processo serão desnudados, porque as obras estão acontecendo e se tornando realidade, mesmo com a torcida contra. É impressionante você ver algum político torcer contra o crescimento e o desenvolvimento de Mato Grosso, mas isto existe.
Como o senhor avaliaria sua administração próximo de começar seu último ano de mandato?
Silval - Avançamos em alguns setores, patinamos em outros, mas acredito que o saldo é positivo. O crescimento acima da média nacional de Mato Grosso passou a exigir novos investimentos e novas ações. Fizemos o maior concurso público da história do serviço público estadual para 10,5 mil vagas e já empossamos mais de 16 mil. Muitas cidades do Brasil não têm 16 mil habitantes e não basta apenas o servidor público é preciso dar meios para que o servidor preste um bom serviço, para isto garantimos salários em dia, remunerações entre as melhores praticadas no país e uma carreira profissional que tem que ser valorizada.
Mas o senhor enfrentou problemas de greves e paralisações?
Silval - Em que pese nossos salários estarem acima da média nacional, reconheço que em alguns casos eles precisariam de correções maiores, mas existem impedimentos legais. Nós demos nos últimos anos, aumentos reais, ou seja, a inflação do período e mais um plus e isto acabou atraindo as atenções de todo o Brasil. Estamos abrindo novos concursos, porque a necessidade está aumentando, seja na segurança pública, na saúde ou na educação.
Como superar as dificuldades?
Silval - Primeiro de tudo é preciso tirar do papel o pacto federativo. Eu fui prefeito de Matupá na década de 90 e sei e conheço a realidade dos municípios e o atrelamento com outras esferas públicas de Poder. É preciso definir as responsabilidades de cada um e a partilha dos recursos necessários para atender as demandas. Somos um ente federado que depende do repasse de recursos federal que fica com 60% de tudo que é arrecadado. Existe uma inversão de valores. Quem fica com a maior parte da arrecadação que é o governo federal tem a menor parte da responsabilidade principal que é atender a população. Depois vem os Estados com 25% da arrecadação e por fim os municípios com 15%. Essa partilha é desigual, porque o cidadão mora no município e no Estado ficando distante do Governo Federal que tem a fatia maior do bolo de arrecadação.
O senhor foi acusado de deixar políticas importantes como saúde, segurança e educação por causa da Copa do Mundo. O que existe de verdade nisto?
Silval - Não é verdade. Estamos em parceria construindo o novo Hospital Universitário Júlio Muller com 250 leitos. Inauguramos o Hospital Metropolitano em Várzea Grande e ampliamos o número de leitos em várias cidades de Mato Grosso. Recebemos importantes recursos para a segurança pública e vamos realizar concurso público para 2,5 mil novos homens, além de termos reforçado a Educação em todos os sentidos. Esses são reflexos do crescimento de Mato Grosso, mas também da Copa do Mundo que trouxe a necessidade de aporte de mais recursos. Mas considero como essencial o fato da Copa do Mundo transformar Mato Grosso numa vitrine que durante décadas terá reflexo nos negócios privados e no fomento do Poder Público.