Jayme diz que não é filho de pai assustado e manda recado a ministro Tarcísio: "não brinca comigo"
O senador Jayme Campos (DEM) voltou novamente a mira de sua metralhadora para o Ministério da Infraestrutura, principalmente quando o assunto é de interesse estadual. Durante o evento de chamamento público para início da construção da primeira ferrovia de Mato Grosso, o democrata disse que não aceita ameaças, que não é filho de pai assustado e que toda bancada está trabalhando pelo bem do cidadão e não por interesse próprio.
Jayme afirma que conhece histórias da ferrovia chegando em Mato Grosso desde a época de Vicente Vuolo, lá pelos idos de 1970. De lá pra cá, o governo federal pouco fez e agora o governo do estado está tomando coragem para colocar em andamento o que é um sonho de futuro. Porém, lá em Brasília já tentaram intimidar esse processo.
Aos jornalistas, Jayme disse que no começo do ano foi chamado pelo ministro Tarcísio Gomes de Freitas e avisado que a ordem de serviço para a ferrovia seria feita entre abril e maio. "Já estamos em quase agosto e nada se fez. Agora Mauro faz, a bancada faz e ele está com ameaças? Aqui não tem filho de pai assustado", disse Jayme durante seu discurso.
Segundo Jayme, o ministro teria dito que poderia cassar a licença do Ibama que liberava a ferrovia sair de Rondonópolis e chegar a Cuiabá. Inclusive, por esse assunto, houve até um entrevero entre o empresário Eraí Maggi e o ministro.
"Eu vi na imprensa que o Eraí deu uma 'peitada' no ministro. Apesar que Eraí não tem autoridade, é empresário, mas é cidadão, é povo. E o ministro disse, eu não vi, mas disse que se não fazer do jeito que eu quero primeiro eu vou cassar essa autorização que o Ibama deu pra Mato Grosso para licenciar a ferrovia. Muito ruim isso. Eu não vou aceitar que haja ameaça. Não sou filho de pai assombrado", repetiu Jayme.
Segundo o senador, ele até atua em favor do governo Jair Bolsonaro, desde que as pautas sejam viáveis ao povo, inclusive essa pauta de ferrovia é de grande força da bancada federal de Mato Grosso em Brasília, da Assembleia Legislativa e do governador de Mato Grosso, por isso não adianta o ministro ficar na "linha de tiro" do estado, que ninguém vai amenizar.
"Ninguém busca interesse pessoal, e sim coisas boas ao povo de Mato Grosso. Essa obra vai gerar 5 mil empregos diretos. E eu não fico em Brasília de quatro e de joelho. Eu apoio o presidente desde que não atrapalhe o povo de Mato Grosso. Ninguém está caçando nada por interesse particular. Esse momento impar será o começo para dias bons para nosso povo. Eu já disse para o ministro, 'sai da minha linha de tiro. Não brinca comigo'", comentou o senador.
Ferrovia
A ferrovia estadual é uma obra pioneira e histórica para o estado e vai interligar Cuiabá a Rondonópolis, bem como Rondonópolis com Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, além de se conectar com a malha ferroviária nacional.
“Esse modal é muito importante para a saída dos grãos, mas também conecta a indústria e o comércio de Mato Grosso com o mercado nacional. A indústria de alimentos, de etanol, vai passar por essa ferrovia. E temos toda a segurança jurídica para fazer. Daqui a alguns anos ouviremos o apito do trem daqui de Cuiabá até o médio-norte”, pontuou.
De acordo com Mauro Mendes, a ferrovia estadual vai formar um dos corredores logísticos mais versáteis do país e melhorar de forma expressiva a capacidade de escoamento de Mato Grosso, cuja estimativa é de chegar, em 2030, a produzir 120 milhões de toneladas de grãos por ano.
Outro ponto positivo citado pelo governador é que o trecho vai desafogar significativamente o transporte pelas rodovias, o que beneficia não só o fluxo de ir e vir da população, mas a qualidade das estradas.