Governador do RS diz que há provas para impeachment de Bolsonaro
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que concedeu entrevista ao Programa Tribuna, da Rádio Vila Real, na manhã desta quinta-feira (9), afirmou que há elementos técnicos e jurídicos que assegurariam um impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Cotado como candidato do PSDB à disputa eleitoral do próximo ano, sob a bandeira de uma suposta "terceira via", o governador afirmou que a última barreira para um impeachment do presidente seria o cenário político, que já estaria sendo desenhando contra o chefe de Estado.
"Um processo de impeachment é um processo que, além de uma análise técnica e jurídica, envolve um processo político. Do ponto de vista técnico jurídico, não há dúvidas de que o presidente incorre em crimes de responsabilidade", disse.
"Mas, apenas juridicamente, o impeachment não avança. O processo de impeachment enseja um ambiente político. E esse ambiente político está se criando pela própria condução do presidente", acrescentou.
O governador acrescentou ainda que os apontamentos de Bolsonaro desestabilizam a economia, uma vez que causam um cenário de insegurança para investidores. Neste sentido, para o chefe do Executivo estadual, a população é a principal afetada pelas falas do chefe do Planalto.
"Um país que ameaça romper com as regras, romper com a Constituição, que promove rompimentos sem saber para aonde vai é um país que desanima investimentos. E isso cobra um preço altíssimo", declarou o governador.
Ataques de Bolsonaro
Os apontamentos do governador foram feitos dois dias após os discursos do presidente em atos bolsonaristas realizados no Dia da Independência. Na terça-feira (7), Bolsonaro atacou diretamente o Supremo Tribunal Federal e declarou que não não seguiria mais decisões oriundas do ministro Alexandre de Moraes.
O eco das manifestações do chefe do Executivo reverberou pela economia, que registrou queda na Bovespa de 3,78%. Paralelamente, também foi registrada uma alta do dólar, com valorização de 2,93%.
Diante desta situação, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, declarou que o não cumprimento de decisões judiciais implica em crime de responsabilidades. "Todos sabemos que quem promove o discurso do 'nós contra eles' não propaga democracia, mas a política do caos", disse o magistrado.
Nesta quinta-feira, o presidente divulgou nota oficial em tom apaziguador, apontando respeitar os poderes. Bolsonaro disse também que seus apontamentos "contundentes" são frutos do "calor do momento e dos embates".
