Maria Helena garante não adotar “mudanças radicais” enquanto governadora e refuta pretensões políticas
Cumprindo ritos constitucionais, a presidente do Tribunal de Justiça (TJ-MT), desembargadora Maria Helena Póvoas, tomou posse como governador interina no fim da tarde desta sexta-feira (29) e garantiu não extrapolar em suas ações. Como ficará na cadeira de comando do Palácio Paiaguás por apenas quatro dias, garantiu que qualquer medida mais radical só será tomada com a devida anuência do titular do cargo, Mauro Mendes (DEM), assim como do vice, Otaviano Pivetta (sem partido), que estava na função desde terça-feira (26).
A decisão de se afastar temporariamente partiu de Pivetta. O próximo na linha sucessória seria o presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), deputado Max Russi (PSB), mas ele, assim como Mauro, está em viagem para a Dinamarca e Escócia, onde irão participar da COP26.
“Fui pega praticamente de surpresa, mas estamos pensando em algumas coisas, claro que não farei absolutamente nada que possa alterar estruturalmente, pois não sou eu a legítima detentora do mandato. Respeito muito isso”, disse à imprensa.
“Todo mundo pensa em (fazer) alguma coisa, mas tenho o compromisso ético de que qualquer coisa que queira fazer, consultar o governador Mauro e Pivetta, pois não se faz mudanças radicais em quatro dias, sem consultar o titular”, completou.
Revelando surpresa com a convocação, Maria Helena Póvoas afirmou que nunca imaginou estar no cargo de governadora. “É muita glória para qualquer um, embora seja bastante espinhosa para quem a detém por todo um mandato. Neste curto período que estarei aqui, farei tudo para que possamos ter uma passagem tranquila e harmoniosa entre os Poderes. Quero dizer aos meus conterrâneos que darei o melhor de mim durante estes dias”, declarou.
Apesar do destino que a levou até a função, garantiu que não pretende seguir carreira política. “Não, podem guardar a gravação, que encerrada minha carreira no Judiciário, retorno para casa e vou cuidar dos meus netos” afirmou.
Ainda durante a posse, a desembargadora lembrou a importância simbólica de assumir o cargo, já que é apenas a segunda mulher a se tornar governadora. A primeira foi Iraci França, então vice do ex-governador Blairo Maggi (PP).
Por fim, a governadora em exercício garantiu que não irá atuar em benefício do Poder Judiciário no período em que estiver no comando do Executivo. “Não haverá intervenção nenhuma em prol do Judiciário. Qualquer questão que iremos negociar em relação ao Judiciário, será feito na volta governador Mauro Mendes, que é o legitimo representante do Executivo. Ai sim, nós iremos tratar, legitimamente, sobre essas questões. Eu como chefe do Judiciário e ele como do Executivo”.
Homenagem
Pivetta deu detalhes de como surgiu a ideia de convidar Maria Helena para assumir o cargo. Contou que foi uma forma de homenagear a desembargadora e todas as mulheres de Mato Grosso. “Hoje de manhã recebi uma visita institucional da desembargadora e a muito tempo que eu não a via. Me lembro que o último período em que tivemos uma convivência foi na eleição de 2002, quando ela militava no PPS. Eu perguntei se ela não gostaria de ser governadora do estado por um curto período. Coincidiu com uma vontade dela, de acrescentar isso no currículo. Não gera custo nenhum ao estado, é uma folha de papel”.
“A minha intenção foi homenagear a mulher que está no comando do TJ e em nome dela homenagear as mulheres cuiabanas e mato-grossenses. Foi uma junção de coincidências”, completou.