Após a revelação de que membros do agronegócio estão pedindo doação de recursos para a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), ruralistas de Mato Grosso negam envolvimento no que pode ser caracterizado crime eleitoral.
O coordenador da campanha de Bolsonaro no setor e em Mato Grosso, Reinaldo Morais (PL), afirma que nenhuma pessoa está autorizada a pedir recursos em nome de Bolsonaro ou de sua pré-campanha.
O jornal Estado de São Paulo revelou (na edição de 7 de março) que vários ruralistas estariam sendo abordados por empresários do agro que apoiam o presidente e pedindo recursos para a campanha em nome do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente.
Um dos que afirmaram que pedirá recursos é o ex-prefeito de Água Boa, Maurício Tonhá, o Maurição. Ele, que é o presidente da Estância Bahia Leilões, revelou que existe um movimento que pretende arrecadar dentro do agronegócio.
“Vou pedir sem nenhuma cerimônia. ‘Fulano, você já ajudou? Toma jeito, rapaz’. Alguns vão ficar em cima do muro, e 90% vão doar”, disse à reportagem do Estadão.
Procurado pelo jornal A Gazeta, não quis dar entrevista, e afirmou que apenas participou de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro. “Pátria e família. Nada mais a declarar”, se limitou a dizer.
Reinaldo Morais, o ‘Rei do Porco’, disse que qualquer doação feita agora terá que ser para o partido, o PL, e que não existe ninguém da pré-campanha do presidente pedindo recursos.
“Primeiro que o presidente precisa oficializar sua candidatura à reeleição. Então não existe isso da parte do PL e da pré-campanha. O que estamos fazendo é mobilizar o setor”, explicou.
Na reportagem do Estadão, que foi baseada em prints e áudios de conversas via whatspp, muitos produtores se sentiram constrangidos em serem abordados para a doação.
Mesmo apoiando o presidente, alguns não confiam em Valdemar da Costa Neto e em Flávio Bolsonaro, já que o primeiro foi condenado no processo do Mensalão, e o segundo é investigado no esquema das ‘rachadinhas’ no Rio de Janeiro.