O senador Wellington Fagundes (PL) saiu em defesa das manifestações antidemocráticas, mesmo diante da escalada de violência que assola Mato Grosso. À imprensa, o parlamentar criticou a afronta ao direito de ir e vir das pessoas, mas legitimou as pautas inconstitucionais que norteiam os protestos, como o apelo à intervenção militar.
"Nós temos uma linha partidária e na mesma linha partidária, eu tenho minha posição pessoal. Acho que nós temos que apoiar todas as manifestações, desde que essas manifestações não prejudiquem a vida de ninguém, ou seja, não impeça o ir e vir. A responsabilidade é do Estado de manter essa organização. O governador está viajando, mas o Estado funciona. Todas essas medidas haverão de ser tomadas", afirmou.
A realidade, por outro lado, preocupa até mesmo a Procuradoria Geral da República e o Ministério da Justiça. Isso porque, segundo as forças de segurança, a organização das manifestações, divida em dois grupos, planeja ataques criminosos, como o espalhamento de miguelitos nas estradas, derramamento de carga e óleo na pista e ações armadas.
Nesta segunda-feira (21), também foram registrados três incêndios criminosos que tiveram como alvos veículos de carga no norte de Mato Grosso. Enquanto isso, segundo o senador Wellington Fagundes, o PL segue aguardando o fim do momento de 'introspecção' do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), para dar uma resposta à população.
"As manifestações têm direito de reivindicar aquilo que for entendido por eles, qualquer que seja o setor da sociedade (...) A sociedade tem o direito de fazer essa pressão em todos, sendo feita essa pressão de forma ordeira, de forma que não interrompa a vida da sociedade, é um direito de todos. Nós, inclusive enquanto partido, teremos que dar resposta. O presidente Bolsonaro é o maior líder do partido. Nós estamos aguardando a manifestação do próprio presidente Bolsonaro. É isso que nós, os líderes e parlamentares do PL, estamos aguardando", disse.
ESCALADA
Inicialmente, as manifestações com o bloqueio de rodovias foram convocadas como forma de protesto pela derrota de Bolsonaro nas urnas, logo após o resultado das eleições presidenciais. Os manifestantes questionavam a lisura do pleito e a vitória de Lula, do PT. Na sequência, um relatório dúbio do Ministério da Defesa, que não apontou fraude nas urnas, impulsionou manifestações na frente dos quartéis.
À época, negociações foram suficientes para que os manifestantes deixassem as rodovias e migrassem para frente das unidades do Exército. As pautas que sugerem um golpe militar, contudo, começaram a ganhar força. Cientes da ilegalidade da reivindicação, os manifestantes tentaram disfarçar o tom golpista pedindo 'SOS' às Forças Armadas e uma intervenção federal, mesmo que o pedido também não fosse cabível.
A recente escalada dos protestos, que fugiram do controle em Mato Grosso, foi atribuída a decisões enérgicas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que aplicou multas pesadas a dezenas de empresas mato-grossenses identificadas como patrocinadoras das manifestações antidemocráticas.