Recentemente, a presidente Dilma lançou a safra nacional em Lucas do Rio Verde, pólo do agronegócio
A força do agronegócio tem mudado, nos últimos anos, o foco da política mato-grossense.
Da Capital, os olhos se voltaram para o interior, de onde vieram Blairo Maggi (PR) e seu sucessor Silval Barbosa (PMDB), a chamada “turma da botina”.
Desde Dante de Oliveira (PSDB), a Capital não elege um governador.
A situação pode se inverter neste ano, já que a maioria dos pré-candidatos ao Governo do Estado têm base eleitoral na Baixada Cuiabana – o senador Pedro Taques (PDT), o ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva (PMDB), o ex-vereador Lúdio Cabral (PT) e o vice-governador Chico Daltro (PSD).
Os três primeiros, para compensar, têm procurado candidatos a vice ligados ao agronegócio.
Outro fato que mostra a força do interior é a representatividade na Assembleia Legislativa.
Atualmente, de 24 deputados estaduais, somente seis são da Capital. Os outros 18 vieram todos do interior.
A presidência da Assembleia não é ocupada por um representante da Capital há mais de 20 anos.
No caso da Câmara Federal, apenas três dos oito deputados têm base eleitoral na em Cuiabá e Várzea Grande.
Migração
De acordo com o historiador Alfredo da Mota Menezes, o incremento do agronegócio e a intensa migração do Sul do país rumo a Mato Grosso têm parcela de responsabilidade por essa descentralização da política.
“Estamos passando por um fato novo que é a política saindo de Cuiabá para o interior de Mato Grosso, com pessoas que vieram do Sul, em sua maioria. É válido lembrar que antes as decisões eram concentradas aqui na Capital. Agora, Cuiabá e Várzea Grande não tomam as decisões sozinhas”, disse.
“O Estado tem sido competente no setor produtivo. A produção por hectare é maior que São Paulo, Paraná e está próxima dos Estados Unidos. Além disso, a tecnologia empreendida é feita aqui, em Rondonópolis. Mas o Estado continua atrasado na educação, saúde, e obras da Copa”, observou.
A força econômica do interior de Mato Grosso é facilmente auferida em números.
Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), 72% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado vem do agronegócio. E a exportação da nossa produção é responsável pelo saldo positivo do Brasil na balança comercial.
Aumento populacional
Porém, na avaliação do presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios, Valdecir Colle, o “Chiquinho do Posto” (PSD), também prefeito de Juscimeira (147 km ao Sul de Cuiabá), o aumento da população é que é responsável por esse deslocamento da política para o interior.
Ele minimizou os impactos econômicos e ressaltou as alianças políticas feitas pelos dois últimos governadores.
Segundo o censo de 2010, Mato Grosso possui 3 milhões de habitantes, dos quais 550 mil estão em Cuiabá e 252 mil estão em Várzea Grande, de modo que a maioria, cerca de 2,2 milhões, estão no interior.
“Há 15 anos, a maior base eleitoral era em Cuiabá. Hoje a população do interior cresceu muito e temos cidades novas e grandes como Sinop e Sorriso, entre outras. Não acho que o agronegócio influencia diretamente no voto, mas sim na economia. E nas eleições, também são importantes as composições. Silval e Blairo fizeram grandes alianças políticas para se elegerem”, disse o prefeito.