Riva nega acusações e diz que Mendonça tentou extorqui-lo em R$ 5 milhões
Preso desde fevereiro sob a acusação de liderar um esquema que teria provocado um rombo de mais de R$ 62 milhões nos cofres da Assembleia Legislativa, o ex-deputado José Geraldo Riva (PSD) negou todas as acusações feitas pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) durante depoimento nesta tarde (9) na Sétima Vara Criminal de Cuiabá.
Ao final da audiência de instrução, a juíza Selma Rosane de Arruda, que conduz o processo da 'Operação Imperador', disse que irá decidir em até dois dias se aceita ou não o pedido de liberdade feito pela defesa do ex-deputado.
Além de Riva, deveriam prestar depoimentos nesta audiência os deputados estaduais Wagner Ramos (PR) e Pedro Satélite (PSD), que são testemunhas de defesa de Riva. Contudo, os parlamentares não compareceram à audiência, alegando que estavam em viagem a Vitória (ES) para participar de um encontro da União Nacional dos Legislativos (Unale), que começou hoje.
Sem a presença dos deputados, a magistrada colheu o depoimento de Cleonice Adams, viúva do ex-secretário-geral da Assembleia Legislativa Edemar Adams, apontado pelo Gaeco como homem de confiança de Riva, que supostamente atuava como pela de ligação entre os envolvidos no esquema. Entre várias afirmações bombásticas, Cleonice afirmou que levou R$ 600 mil para Riva ao lado do marido.
"Edemar fazia pagamentos a mando de Riva. Algumas vezes eu o vi abrir documentos em casa", disse.
A viúva contou ainda que, antes mesmo de Edemar Adams começar a trabalhar na Assembleia Legislativa, as licitações já eram 'maquiadas e direcionadas'. Segundo Cleonice, 75% do dinheiro que era pago em licitações voltava para as mãos de Riva.
Sobre o depoimento da viúva, Riva disse que não sabe se a mulher lhe odeia, enquanto negava as acusações. Além disso, o ex-parlamentar afirmou que Cleonice chegou a lhe pedir dinheiro emprestado, o que não teria feito pois teria os bens bloqueados.
EXTORSÃO
Em seu depoimento, José Riva disse que o empresário Gércio Marcelino Mendonça, o Júnior Mendonça -- delator premiado na Operação Ararath --, tentou extorqui-lo em R$ 5 milhões. Já Mendonça, no dia 22 de abril, disse que Riva lhe deve R$ 6 milhões, valor que seria utilizado para 'abastecer o sistema'.
“Queria mais uma vez falar sobre a delação do Júnior. Fui preso duas vezes por conta dessa delação. E eu posso dizer que ele mentiu. Ele só quis livrar o patrimônio dele. Muita gente enxerga a Assembleia como aquele prédio, somente. Não é assim. Os deputados têm seus escritórios. Mas consumo de material, não tenho dúvida nenhuma, é muito grande”, disse Riva.
Por fim, o ex-deputado afirmou que é vítima de uma perseguição do Ministério Público Estadual, que estaria sendo guiado pelo governador Pedro Taques (PDT). Riva disse ainda temer que o MPE e o Gaeco promovam o seu 'linchamento'. O depoimento do ex-deputado acabou pouco após as 18h.