Bancada federal de MT se divide sobre impeachment
“A sociedade já 'impeachtmou' a Dilma. Aonde você vai, percebe que todos estão contrariados com a forma do Governo, que o Governo está acéfalo, não anda, está tudo parando, o país andando para trás, o desemprego chegando às pessoas, a inflação subindo”.
A declaração é do deputado federal Adilton Sachetti (PSB), um dos oito parlamentares da bancada federal de Mato Grosso que podem compor a comissão especial que irá analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Na última quarta-feira (2), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) autorizou a abertura do processo.
Dos sete pedidos de afastamento que ainda estavam aguardando análise, ele deu andamento ao requerimento formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.
Para Sachetti, a crise econômica e política de Dilma estão atrasando a vida da população.
“O Governo não tem mais crédito. Eu não estou falando em crédito financeiro, que ainda tem, mas, sim, crédito moral. Ninguém mais acredita no que a Dilma fala. Em pleno final de ano, manda pedalada para a gente aprovar na Câmara. Então, isso que tem que mudar, porque não dá mais para suportar”, afirmou Sachetti.
Apesar do posicionamento duro, o parlamentar afirmou que irá esperar o andamento das investigações na Câmara para se posicionar pelo afastamento em definitivo da petista do Palácio da Alvorada.
“Se não tiver o preceito legal juridicamente consolidado, não serei eu a quebrar o regime democrático. Mesmo não concordando, temos que respeitar a democracia. Devemos, então, dar oportunidade para tramitar, porque ninguém condenou ainda a Dilma. Ninguém está condenado porque se abriu um processo”, disse.
Limpando a pauta
Para o deputado Valtenir Pereira (PMN), a abertura do processo de impeachment é positivo, pois deverá encerrar o assunto que se arrasta desde o início do ano.
“Estamos há um ano falando de impeachment. E isso tem gerado estragos na economia brasileira. Esse clima de incerteza que toma conta do país, essa espada fincada na cabeça da presidente, está prejudicando todo o povo brasileiro”, disse.
“Então, a abertura do impeachment significa limpar essa pauta, zerar e virar essa página. Precisamos limpar essa pauta e trazer as próximas, e que sejam econômicas, de desenvolvimento para o Brasil retomar o crescimento”, afirmou.
Ele, entretanto, disse que o partido ainda não se posicionou sobre o processo.
Fatores jurídicos e políticos
Para o deputado Victório Galli (PSC), tanto as questões jurídicas e políticas não são favoráveis à permanência da presidente.
“Existem dois fatores nessa questão, o jurídico e o político: Juridicamente, as contas dela foram reprovadas. E a questão política, percebemos que do jeito que está fica inviável o Governo dela. Só para se ter uma ideia, no momento em que foi anunciado o impeachment, a Bolsa de Valores subiu e o dólar caiu. Então, a nação está na expectativa da saída dela”, disse.
Ressaca eleitoral
Já o deputado Ságuas Moraes (PT) afirmou que a abertura do processo foi uma retaliação ao fato de os parlamentares do partido terem se posicionado favoráveis à admissibilidade do processo de cassação de Cunha.
“Primeiro, que esse processo é um absurdo. Ele não tem nenhuma sustentação jurídica, é um processo que faz parte da ressaca da eleição passada, em que o PSDB e o DEM não aceitaram a derrota. Não tendo coragem de apresentar diretamente esses partidos, simularam várias pessoas a apresentarem processos de impeachment”, disse.
“E o Cunha estava na esperança que os três deputados do PT que compõem a comissão de ética fossem apoiá-lo para a não admissibilidade do processo de cassação contra ele. Não foi o que aconteceu. Poucas horas depois de anunciarmos que os deputados do PT iriam tomar essa iniciativa contra ele, foi feito o anúncio do processo de impeachment como uma revanche, retaliação”, afirmou.
Ele apontou um “conluio” entre PSDB e DEM com o presidente da Câmara.
“Isso é um conluio dele com o PSDB e DEM, que ajudaram a elegê-lo, estiveram ao lado dele o tempo todo e que simularam o afastamento dele, há poucos dias, quando se aumentou o número de denúncias, e agora se juntaram a ele, novamente. Inclusive, o PSDB e DEM não estavam mais participando do colégio de líderes e agora voltaram todos sorridentes, felizes, abraçando o Cunha. Isso demonstra, claramente, a tentativa de golpe”, disse.
Por fim, o deputado do PT disse acreditar que o processo seja barrado ainda na comissão.
Outros parlamentares
Pela imprensa, os deputados Carlos Bezerra (PMDB) e Ezequiel Fonseca (PP) disseram que irão esperar o andamento das investigações contra Dilma.
Já o deputado Nilson Leitão (PSDB) tem se posicionado, desde o início do ano, pelo impeachment da petista. Fábio Garcia (PSB) não comentou ainda e não foi localizado pela reportagem.