Dilma defende Lula; Taques contesta e cria "saia justa" para a presidente
Dilma Rousseff foi submetida a uma saia justa ao dizer, num encontro com governadores, que ficara “indignada” com o tratamento “desrespeitoso” dispensado a Lula por Sérgio Moro, juiz da Lava Jato. Um dos visitantes, Pedro Taques, governador de Mato Grosso, retrucou a anfitriã: “Entendo que não houve desrespeito, presidente. Ninguém está acima da lei.”
Os governadores haviam sido chamados a Brasília para discutir, na noite da última sexta-feira, o alongamento das dívidas dos seus Estados com a União. Horas antes, agentes da Polícia Federal haviam executado uma ordem de “condução coercitiva” de Lula, para prestar depoimento sobre a suspeita de receber vantagens de empresas pilhadas roubando a Petrobras.
Dilma enxergou na coerção ordenada por Moro um “abuso de autoridade”, pois “bastava convidar” Lula, que “não se negaria a prestar os esclarecimentos”. Ao contraditá-la, Taques chamou Dilma de “presidente”, não de presidenta, como ela prefere. Brindou-a, de resto, com um cerimonioso “vossa excelência”. Ex-procurador da República, ele sapecou:
“Eu não sairia desta sala com a consciência tranquila e não respeitaria o bom povo de Mato Grosso, que me mandou aqui, se não expressasse minha opinião. Entendo que não houve abuso ou perseguição. Ninguém está acima da lei. Todos, inclusive eu, podemos ser investigados. A lei não pode servir para beneficiar amigos nem para prejudicar inimigos.”