Deputados de MT marcam 1ª sessão sobre impeachment com discussões acaloradas, cochilos e "indecisões"
Os três deputados de Mato Grosso que integram a comissão de impeachment na Câmara Federal passaram a madrugada na sessão de debate a respeito do impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT).
Mesmo com o cansaço, os parlamentares seguiram até o final e até voltaram para Cuiabá, mas já retornam na segunda cedo para participar da sessão na qual se votará se o processo de impeachment deverá ser aberto. Caso seja aprovado, o assunto irá para plenário, no qual, o pedido deverá contar com dois terços dos votos (342) para seguir para o Senado, onde é feito o julgamento.
Valtenir Pereira (PMDB) foi o único mato-grossense que não se manifestou durante a sessão. Ele alega que está estudando ainda o conteúdo das denúncias e irá preparar seu voto de maneira técnica. O peemedebista vai retornar ainda hoje para Brasília para discutir o assunto com outras lideranças do partido e só deverá apresentar sua manifestação na sessão de amanhã.
“Não é fácil e a responsabilidade é grande, porque a população quer uma coisa através de um método complicado, que é impeachment. Não é a toa que se precisa de dois terços para afastar ou cassar a presidente. Esta rigidez é necessária porque senão ninguém governa", declarou Valtenir.
Mesmo sendo apontado como contrário ao impeachment, Valtenir prefere ficar em cima do muro e não assume nenhum posicionamento. Ao contrário dos demais parlamentares de Mato Grosso que integram a comissão, Nilson Leitão (PSDB) e Victório Galli (PSC).
Os dois já adiantaram que defendem o impeachment. Leitão é líder do PSDB na Câmara e durante a sessão de ontem participou de algumas discussões mais acaloradas e bate boca. Ele justifica os ânimos exaltados em razão dos argumentos do PT.
"O PT quer ganhar no grito e quero evitar qualquer tipo de atropelamento. Quando não consegue em voto, apela para gritaria e ofensas e preciso me posicionar e me impor. O PT está acostumado a ganhar no grito e dividir a opinião, mas eu tenho meu posicionamento e não quero deixar que isto seja protelado. A comissão é a última porta antes do plenário", comentou.
Durante a sessão, Leitão se posicionou também referente ao impeachment e fez o contraponto aos argumentos utilizados pelos defensores da presidente como o fato de que ela ganhou de maneira legítima na urna. O tucano rebateu e diz que ela se utilizou de contratos e da estrutura do governo para ser reeleita de maneira desigual.
"Usou dinheiro de corrupção, dos correios e da estrutura toda para comprar voto. Nós entendemos a nossa derrota, mas entendemos que ela não ganhou de forma legítima. O impeachment veio porque outras coisas vieram à tona. A presidente mostrou que não tem competência para governar. Ela faliu o Brasil e não é mais vontade de alguns e sim de 80% da população", comentou.
Galli foi o penúltimo parlamentar a se manifestar na comissão e optou por uma fala mais técnica pautada nas pedaladas fiscais, que é o motivo da denúncia contra a presidente, que teria cometido crime de responsabilidade por maquiar os números do governo federal, segurando repasses aos bancos estaduais.
O social-cristão também se manifestou acerca da situação econômica do país e encerrou com a frase: "O PT deu PT no Brasil".
Galli também aproveitou para justificar o fato de ter cochilado durante a madrugada na sessão. Ele contou que estava desde às 9h na Câmara participando de sessão solene, outras comissões e, além disso, passou recentemente por uma cirurgia na boca, ainda em consequência de um acidente de carro que sofreu anos atrás, e está tomando muitos antibióticos que dão sono.
"Mas mesmo cansado e cochilando, fiquei até o fim, esperando para falar e me posicionar. Fui o penúltimo a se manifestar na sessão e na hora que acabei cochilando já estava ao final quando os deputados do PT, PCdoB, Psol, já tinham ido embora e estava um ambiente mais quieto, mesmo assim, fiz questão de ficar", afirmou em entrevista ao Rdnews. A imagem do deputado cochilando passou no Jornal Nacional.