A jornalista Cristina Lobo denunciou, em comentário exibido no canal fechado Globo News na última segunda-feira (18), um “acordão” envolvendo os deputados federais Valtenir Pereira e Carlos Bezerra, ambos do PMDB de Mato Grosso, na votação da admissão do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), realizada no último domingo (17) na Câmara Federal. Valtenir votou contra o impeachment, enquanto Bezerra votou a favor. Ambos têm histórico governista e de participação na gestão petista.
De acordo com a jornalista, os dois pediram os mesmos cargos no Governo Federal – porém, um teria feito o pedido ao governo Dilma, e outro ao vice-presidente Michel Temer (PMDB). A intenção seria garantir aqueles cargos para a dupla, dependendo da resposta de cada um dos lados a essa reivindicação.
“Dois deputados do Mato Grosso, Valtenir Pereira e Carlos Bezerra, combinaram o seguinte: eles iam pedir os mesmos cargos para o governo e para Michel Temer. Quem tivesse o aceno ia receber o voto e o outro votava na outra situação. E o que aconteceu? Valtenir Pereira votou com Dilma e Carlos Bezerra votou com Temer. Olha a que ponto chegamos. Achei essa história muito exemplar do que está acontecendo com o presidencialismo de coalizão”, relatou Cristina Lobo.
Atualmente, Bezerra possui três indicações de políticos do PMDB de Mato Grosso em altos cargos no Governo Federal, todos nomeados nos últimos meses: na Embratur; no Incra; e no Ministério da Saúde.
Outro lado
Valtenir Pereira negou a denúncia feita pela GloboNews. “Meu voto foi em cima da ordem da jurídica, como eu afirmei no dia da votação. Não houve crime de responsabilidade. Meu voto está fundamentado na falta de justa causa para o impeachment. Qualquer coisa fora disso é mentira. Não tem nenhum acordo envolvendo ninguém. Essa é uma versão mentirosa e falaciosa”, declarou o parlamentar.
Carlos Bezerra, por sua vez, classificou a denúncia como “absurda” e negou que seu voto tenha sido motivado por interesse em cargos. “Essa afirmação é absurda. Votei a favor de impeachment porque foi uma decisão nacional do meu partido, e como fundador do PMDB, com nove mandatos pelo meu partido, eu não tinha como ficar contra essa posição. Além disso, a governabilidade do país acabou, e com o impeachment vamos recuperá-la”, justificou.
“Os cargos que Mato Grosso tem no Governo Federal são fruto de uma articulação que vem desde o ano passado. Mas isso não interfere no meu voto. Nunca tomei posições políticas por questões fisiológicas, por causa de cargo. A minha história não é essa. Eu sou um homem que nunca mudou de partido”, completou o deputado.
Em entrevista ao Olhar Direto, na Câmara Federal no último domingo (17), Bezerra havia anunciado que votaria a favor do impeachment, admitiu que havia tido conversas com Temer, com quem tem amizade e proximidade política, mas negou que isso tenha influenciado na mudança do seu voto. Ele negou também que seu voto interferisse nas indicações que havia emplacado no Governo Federal.