Janaina Riva e Wilson Santos batem boca na tribuna, trocam ofensas e envolvem a família
A deputada estadual Janaina Riva (PMDB) e o líder do governo na Assembleia Legislativa, Wilson Santos (PSDB), protagonizaram um bate-boca durante a sessão plenária da manhã desta quarta-feira (8), e envolveram até mesmo as famílias na discussão. A oposicionista tachou Wilson de hipócrita e demagogo. O tucano, por sua vez, disse ver em Janaina desespero para se livrar do sobrenome Riva, e mencionou um bilhete de conteúdo misterioso que a deputada teria enviado a ele.
A briga foi acompanhada por servidores em greve, que lotavam as galerias da Casa de Leis, e começou durante discussão sobre a taxação do agronegócio, em que foram abordados a redução do repasse dos poderes e a Revisão Geral Anual (RGA) dos servidores estaduais. A deputada discursou defendendo mais debate, e acusou o governo de ser oportunista. Ela ainda acusou Wilson Santos de fazer um discurso irresponsável.
“Eu não sou filha de pai assustado. Eu tenho só 1 ano e meio de vida pública. O senhor pode falar o que quiser do meu pai, da minha mãe, da minha família, mas eu sou blindada. Se o senhor quer falar alguma coisa de mim, fala. Eu dou um boi para não entrar numa briga, e uma boiada para não sair dela”, disparou Janaina, durante a discussão.
Wilson negou que tenha entrado na seara pessoal, e afirmou que foi a deputada quem colocou família na discussão, ao criticar o cunhado de Wilson, o secretário de Estado de Planejamento em exercício José Bussiki, no dia anterior. Revoltada, Janaina afirmou que Wilson fazia críticas à família dela de forma velada, o que seria pior do que falar abertamente. “O senhor faz de forma velada. O senhor é demagogo e hipócrita”, disse ela.
“Nunca subi nessa tribuna para falar do seu pai, da sua mãe, do seu irmão, dos seus ex-maridos. Nunca. O que está em jogo é um projeto de poder para Mato Grosso. Se aqueles que assaltaram os cofres públicos – alguns estão devidamente presos – voltarão a governar Mato Grosso. Ou se o governo honesto, trabalhador e bem intencionado continuará a dirigir o estado. O líder da quadrilha que saqueou Mato Grosso está preso no Carumbé”, disse Wilson, em referência ao ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Entre os que foram presos suspeitos de corrupção, está o pai da deputada, José Riva, atualmente em liberdade. “Vejo a senhora em um desespero em se livrar do sobrenome”, completou o tucano.
A parlamentar então o acusou de partir para a baixaria, ao citar os casamentos desfeitos dela. “Quem é o senhor para pautar minha vida pessoal? O comentário do senhor é no mínimo machista. Mas eu vim aqui nessa tribuna para dizer que não podemos usar esse momento para ser oportunistas. Temos que ouvir todos os poderes. Esse sobrenome me deu 48 mil votos e tenho muito orgulho dele. Não posso dizer o mesmo do senhor”, disparou.
Bilhete misterioso
O tucano rebateu a acusação de Janaina afirmando que oportunistas costumam ser aplaudidos, como ela estava sendo naquele momento pelos servidores que acompanhavam a sessão. Ele mencionou então um bilhete que teria recebido de Janaina, sem revelar o conteúdo.
“Se alguém está tendo oportunismo aqui, não sou eu. Porque oportunista geralmente é aplaudido e eu tenho sido vaiado, xingado pelas galerias desse plenário. Eu tenho guardado comigo um bilhete que a senhora escreveu para mim. Não sei mais em que acredito. Se é naquele bilhete ou nas suas últimas palavras. Eu espero não utilizá-lo. A senhora sabe. A senhora deve botar a cabeça no travesseiro e refletir sobre o nível de agressão pessoal que fez à minha pessoa”, disse Wilson.
Posteriormente, Janaina afirmou que, no bilhete mencionado, ela dizia que o tucano exercia o papel de líder do governo de forma brilhante, mas que isso sacrificaria o mandato dele. “E reitero o que eu disse no bilhete: Wilson Santos está enterrando o mandato dele fazendo a defesa do governo Pedro Taques”.
Excessos no discurso
Wilson Santos ainda classificou as acusações da deputada de que ele seria hipócrita e demagogo como “termos chulos”. Por isso, Janaina pediu à Comissão de Ética que investigasse se havia excesso em suas declarações, mas o tucano afirmou que não iria representar contra ela. Ele disse que compreendia a parlamentar, pois também costumava agir assim no início da própria carreira política, em sua juventude.
“Há 10 ou 20 anos, livre de uma liderança de governo, minhas respostas talvez fossem num outro nível. Mas quando fiz isso, só trouxe prejuízo a mim e a minha família. A sociedade não melhorou nada quando eu subi aqui nessa tribuna e fiz uma paródia que ficou conhecida como a ‘música do mexe-mexe’. Por isso eu lhe perdoo, deputada. Eu já fiz isso na década de 90. Eu enlouquecia com as palmas das galerias, eu ia ao delírio. Eu já senti essa força das massas. Isso é uma delícia. Não tem nada mais gostoso que isso. Quem sou eu para julgá-la? Estou aqui com um irmão mais velho. Meu papel aqui é defender o governo que eu acredito. A sociedade escolheu o governador, que disputou com a sua mãe”, concluiu.
Ao final, Janaina disse à imprensa que Wilson tem a intenção de tentar intimidá-la, por isso ela reagiu. “Quis mostrar que eu não me intimido com o discurso dele e com as ameaças veladas. Eu vou continuar fazendo críticas à gestão. Critico o cunhado dele como secretário. Não posso deixar de falar o que eu penso com medo da reação do líder do governo ou qualquer outro colega”, afirmou.