“Não dá mais para fazer política mentindo para o eleitor”, diz Mauro Mendes para Wilson Santos

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+ Política
Segunda, 08 Agosto 2016 | OlharDireto
Apesar das circunstancia das últimas horas terem alçado Wilson Santos (PSDB) à condição de protagonista, na noite da última sexta-feira (5), durante a convenção partidária do PSB, no ginásio Dom Aquino, em Cuiabá, o discurso mais esperado ainda era o do prefeito Mauro Mendes (PSB), que desistiu de disputar a reeleição e agora terá de apoiar um antigo adversário político para fazer sua sucessão. O ginásio, longe de estar lotado. A militância, apática, pouco reagia aos discursos. Quando tomou o microfone, Mendes defendeu sua gestão e a manutenção do poder nas mãos do grupo político que governa o Estado. Explicou sua desistência do pleito e cobrou publicamente o candidato tucano.
Mauro Mendes falou aproximadamente meia hora. Só pronunciou o nome de Wilson Santos uma única vez, quando já finalizava sua fala, para cobrar que o sucessor mantenha a qualidade do trabalho feito à frente do Alencastro nos últimos três anos e meio e que desenvolva uma política de diálogo transparente com a sociedade cuiabana, sem mentiras. O discurso de Mendes pode ser entendido como uma referência às disputas passadas entre os dois, hoje aliados. Em 2008, o hoje prefeito disputou o Alencastro pelo PR contra Wilson, e na ocasião afirmou que se eleito, o tucano abandonaria a prefeitura para disputar o Paiaguás. Wilson deu sua palavra que não faria isso, mas o fez. Pegou a pecha de mentiroso. Perdeu a eleição e amargou quatro anos no ostracismo, para só em 2014 ganhar uma cadeira na AL e começar a reconstruir sua carreira.
 
“Você terá a oportunidade de reconhecer os erros, mostrar os acertos e fazer um bom debate por Cuiabá, com verdade, lealdade, porque esse é o nome do jogo. Verdade! Não dá mais para fazer política mentindo para o eleitor. Todos nós estamos de saco cheio de conversa fiada. O nome do jogo é honestidade, seriedade, isso vai fazer e faz a diferença na vida de cada um”, discursou Mendes, desta vez arrancando aplausos da plateia. Wilson acenou com a cabeça, como quem concorda com “o puxão de orelha”.
Mendes explicou aos seus apoiadores que não poderá disputar a eleição por questões pessoais e deixou claro que seu apoio a Wilson Santos não é uma vontade pessoal, mas será feito em nome do grupo político, cujo maior líder é o governador Pedro Taques. “Estaremos juntos, sim. Vamos ganhar essas eleições. Fomos, sim, adversários. Temos, sim, diferenças. A democracia respeita as diferenças, mas ele foi o escolhido do grupo político que eu pertenço”, justificou-se.
 
Mauro Mendes afirmou também que trabalhará para que o PSB eleja seis vereadores, que fiscalizarão diariamente as ações do seu sucessor. “Dificilmente a população vai aceitar ser feito novamente nos bairros de Cuiabá aquele asfaltinho casca de ovo, porque os 300 km que nós fizemos foi, e é, de qualidade. Dificilmente a população, as nossas professoras, diretoras pais e alunos vão aceitar aquelas ‘reformazinhas’ [nas escolas] que só passavam uma ‘pinturazinha’ e ai quando chovia, chovia mais dentro da sala que fora. Esse espero que seja o grade legado da nossa administração”.
 
Conciliação, mas sem baixar a cabeça
 
Quando chegou a sua vez de falar, o candidato Wilson Santos procurou todo o tempo fazer um discurso de conciliação. Afirmou que Mendes se reelegeria sem maiores dificuldades se disputasse a prefeitura. Opinou que o atual prefeito é a segunda maior liderança política de Mato Grosso e que é o sucessor natural de Pedro Taques ao Palácio Paiaguás. Elogiou ainda o presidente estadual do PSB, deputado federal Fábio Garcia, que segundo Wilson, seria o mais indicado para substituir a cabeça de chapa.
 
Apesar do armistício, Wilson soube subir o tom para defender o seu trabalho feito à frente da Prefeitura. O tucano fez questão de lembrar que, entre seus feitos à frente da gestão municipal, um dos principais foi criar o Cuiabá Vest, cursinho preparatório da prefeitura para ajudar pessoas carentes a ingressar no ensino superior. Santos não precisou nem citar, mas todo mundo sabe que Mauro Mendes foi o responsável por acabar com o projeto.
Se Mauro disse que após sua gestão a população não aceitará mais asfalto casca de ovo, Wilson o lembrou que fez a Avenida das Torres e que até agora o asfalto está em ótimo estado. Se Mauro bateu no peito para se vangloriar de ter feito uma boa gestão em tempos de crise, Santos o rememorou que pegou a Prefeitura com três meses de salários atrasados de gestões anteriores e regularizou a situação em 60 dias, entregando ao sucessor as contas em dia. “O que eu não poderia ter feito se tivesse investido o valor de três folhas atrasadas em outra área?”, questionou Wilson, em tom inflamado. Neste momento, a plateia aplaudiu. Mauro também, ainda que timidamente.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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