Nadaf assume fazer parte de organização criminosa
O ex-secretário do governo Silval Barbosa, Pedro Nadaf, admitiu que “a criação de uma organização criminosa teve início de forma velada” durante depoimento na tarde desta segunda-feira (15) à juíza Selma Arruda, na Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
O depoimento é relativo a primeira fase da Operação Sodoma, deflagrada em setembro de 2015 em que os secretários Pedro Nadaf, Marcel Souza de Cursi e o ex-governador do Estado, Silval Barbosa, foram detidos em virtude da operação.
Além de apontar o ex-governador Silval Barbosa como líder do esquema, Nadaf afirmou que embolsou em torno de R$12 milhões. "O Silval participou de algumas reuniões. Em alguns desses trabalhos nós levantamos em torno de R$ 12 milhões. Parte foi para o Caixa dois e parte para a doação oficial da campanha".
De acordo com Nadaf, as denuncias referentes a João Rosa feitas pelo Ministério Público Estadual são legitimas. E diz que Silval Barbosa foi ameaçado de morte devido a dívida de campanha de R$ 2 milhões.
Com isso, Silval pediu ajuda a Nadaf para que solucionasse o problema. O ex-secretário, por sua vez, solicitou ajuda a Marcel de Cursi, que arquitetou o esquema de incentivos para João Rosa. O ex-secretário teria pegado em torno de R$ 1.515.807 com João Batista para sanar a dívida, e o restante seria parcelado. A ação também teve a participação de Chico Lima.
Silvio Corrêa também é apontado por Nadaf como um dos braços direito de Silval dentro do Esquema. "Ele tinha permissão expressa para autorizar licitações. Era Silvio quem cuidava de todas as finanças do governador: recebimento de propinas, casas de fomento, lavagem de dinheiro..."
E o ex-secretário, Marcel de Cursi, “dava o arcabouço de todas as operações. Ele que orientava o governador diretamente sobre tudo que iria guiar a organização criminosa", afirma.
Em relação a Karla Cecília, Nadaf explica que ela fazia o trabalho para ele em casas de fomento e notas frias. Em troca recebia propina. "Ela não sabia a origem do dinheiro, mas sabia que era ilícito", afirma.
Sobre Chico Lima, o ex-secretário relata que ele era responsável por dar os pareceres "favoráveis" ao grupo criminoso. "Porque dentro da Casa Civil tinha uma procuradoria, ele tinha os pareceres do processo normalmente, mas ele tinha uma função específica que era dar os pareceres que houvesse interesse para nossa organização, aquilo que fosse para beneficiar e contribuir o Chico era convocado para dar parecer. O Chico Lima também tinha seus interesses próprios, ele se articulava e fazia seus próprios negócios. Tanto que uma certa vez o governador falava: 'abre o olho com Chico, olha todos os atos do Chico por que se brincar ele vende o Estado', afirma Nadaf.
EM seu primeiro depoimento, Nadaf afirma que mentiu.
OPERAÇÃO SODOMA 1
O ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, teria recebido o montante R$ 2,6 milhões como propina para manter benefícios de incentivos fiscais em Mato Grosso, por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic), para o Grupo Tractor Parts.
A informação foi dada por um dos sócios do Grupo, João Batista Rosa, à Delegacia de Combate à Corrupção de Mato Grosso.
Tolofi disse também que o ex-secretário da Secretaria de Indústria e Comércio (Sicme), Alan Zanatta, seria chamado para depor nesta etapa das investigações. “Alan Zanata vai entrar na segunda fase da Operação Sodoma. Será instaurado um inquérito separado, até porque ele está morando em Minas Gerais. Ele será investigado porque, nesse contexto da concessão do benefício, ele também já exerceu a função na Sicme”, disse o delegado. O antecessor de Zanatta, Pedro Nadaf, foi preso na primeira fase da operação juntamente com Silval e o ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi.
A lista de denunciados pela Delegacia Fazendária (Defaz), na primeira fase, teve oito pessoas que integravam diretamente o esquema: Karla Cecília de Oliveira Cintra, funcionária de confiança de Nadaf na presidência da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio); Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, procurador do estado aposentado; e Sílvio Cezar Correa Araújo, ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa no governo do estado; além dos já citados Silval Barbosa, Nadaf e Cursi.
O MP também requereu a devolução de quase R$ 2,6 milhões que seriam o valor obtido criminosamente pelos denunciados e a perda do cargo público de Marcel de Cursi, servidor de carreira da Sefaz.