Deputados, advogados, assessor do vice e jornalista são alvos de escutas ilegais em MT

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Sexta, 12 Maio 2017 | FOLHAMAX

Um amplo esquema de “arapongagem” envolvendo autoridades no Estado teria contado com a participação de agentes do Setor de Inteligência da Polícia Militar. As escutas telefônicas ilegais em Mato Grosso são investigadas pela Procuradoria Geral da República e serão tema de uma reportagem especial do programa Fantástico, da Rede Globo, prevista para ir ao ar no próximo domingo (14).

FOLHAMAX teve acesso com exclusividade a um trecho da investigação. O esquema tinha origem no setor de investigação da Polícia Militar de Mato Grosso.

Oficialmente, a PM tratava como alvo uma quadrilha especializada em tráfico de drogas.

A PM pediu em 2014 autorização a um juiz que atuava na comarca de Cáceres, região da fronteira com a Bolívia. Hoje, o magistrado está atuando na capital.

Em meio a uma lista de possíveis traficantes, estavam números de políticos, empresários, médicos e outras pessoas que sequer teriam relação com o esquema ilícito. Essas pessoas tinham “codinomes” quase que semelhantes aos seus nomes originais.

O magistrado, ao ler o teor da investigação policial, autorizava as escutas contra todos os alvos. O relatório aponta que o magistrado não teria conhecimento do esquema, conhecido como "barriga de aluguel", em grampos.

Além de casos relacionados a quadrilha de tráfico de drogas, o grupo também utilizou uma investigação contra assaltantes de supermercados para grampear números de políticos. Esta inclusão de novos nomes ao sistema de arapongagem aconteceu em meados de 2015.

Um dos alvos do grampo ilegal foi a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), oposição ao Governo do Estado. Ela atendia pelo codinome “Janir” e teve dois números grampeados. “Esses interlocutores vêm fomentando consideravelmente a mercancia de drogas em nosso Estado, notadamente pasta base de cocaína oriundo de Cáceres e região, e notadamente os índices de violência na região Oeste de Mato Grosso, baixada cuiabana e região Sul do Estado, necessitando um maios acompanhamento do Estado”, justifica o relatório da PM no pedido de escuta telefônica.

A lista tem, pelo menos, 120 alvos das escutas telefônicas. Nos documentos, pode-se pode constatar números de telefones de deputados federais e estaduais, coronéis da PM e médicos.

Um dos assessores do vice-governador Carlos Fávaro (PSD) também está entre os "grampeados". O relatório ainda aponta que a esposa de um deputado do PMDB, dezenas de assessores parlamentares também foram “grampeados”.

O jornalista José Marcondes, o “Muvuca” (PHS), também foi alvo sendo que agentes o monitoravam praticamente 24 horas por dia. Outro alvo é um vereador licenciado que ocupa uma secretaria na prefeitura de Cuiabá.

Um ex-servidora do Estado, com iniciais T.S, também foi grampeada. No entanto, o conteúdo de suas escutas devem integrar outro inquérito.

Ainda foram alvos das escutas três advogados. Um deles, José do Patrocínio, foi alvo durante a campanha eleitoral de 2014, quando tinha como clientes políticos do PMDB, e respondia pela coordenação jurídica da campanha de Lúdio Cabral (PT) do Governo do Estado. 

Outro advogado “grampeado” trabalha como assessor de um desembargador de Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. O terceira atual na área ambiental. 

Em entrevista ao FOLHAMAX, Patrocínio confirmou ter sido grampeado. Ele disse ter tomado conhecimento do esquema quando foi procurado pela equipe de reportagem do Fantástico. “Não tinha ideia de que isso ocorreu. Foram dois números em meu nome, sendo que um deles é do celular utlizado pela minha esposa. Isto é revoltante e irei tomar as medidas cabíveis”, declarou.

DENÚNCIA

O esquema chegou as autoridades por meio de uma denúncia anônima recebida pelo então secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, no final de 2015. Ele tratava de eventual existência de interceptações telefônicas clandestinas no âmbito da Polícia Militar.

De acordo com o Governo do Estado, a denúncia chegou a ser encaminhada ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), que decidiu pelo arquivamento por insuficiência de evidências. No final de 2016, a denúncia chegou a Procuradoria Geral da República, que deu andamento as investigações. Ele deve gerar um grande escândalo no Estado.

Na tarde desta quinta-feira, o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, pediu exoneração do cargo. Ele afirmou que voltará a atuar na advocacia e citou este caso.

Segundo o agora ex-secretário, a denúncia foi feita pelo ex-secretário de Segurança, Mauro Zaque, e se ex-adjunto Fábio Galindo. Em outubro de 2015, após receberem os relatos dos fatos, eles encaminharam a denúncia ao governador Pedro Taques.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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